Artigos

Claúdio Martins lança espumante a…40€!

Não, não faltam dois ou três zeros à direita do número 4. O homem que escandalizou Portugal ao valorizar e vender o vinho português a um preço inesperadamente alto, também vende outros vinhos a preços mais justos para a realidade nacional. É o caso do Libertine, um espumante inglês produzido pelo Master of Wine inglês Liam Steevenson.



Quem conhece o mundo do vinho português, e ainda o compara à realidade mundial, sabe que os nossos vinhos têm uma enorme qualidade, mas nunca são valorizados internacionalmente como deveriam. Vai daí, Cláudio Martins – que durante anos trabalhou no Reino Unido na área da comercialização de vinhos e na restauração - chega a Portugal e decide fazê-lo, mas de uma forma bombástica! Afinal, ninguém esperava que desatasse a lançar vinhos em parceria com produtores portugueses, e a vendê-los a preços astronómicos para a realidade nacional, algo que despertou reacções controversas, já se sabe.

Uma coisa é certa: Para valorizar o vinho português era necessário que viesse alguém como o Cláudio Martins, com uma visão comercial confiante e provocadora, conhecedor do mercado mundial e com clientes premium, dizer que os vinhos portugueses são tão bons como outros do mundo, muitos deles a custar balúrdios. E dizer, também, que há gente com dinheiro para os comprar. O que nos deixa chateados, na verdade, é o facto da maioria dos portugueses não terem dinheiro para os comprar, mas isso já são outros tantos. Há por aí muita gente abastada que tem dinheiro para dar por estas garrafas. e, se ninguém fica chateado com o Cristiano Ronaldo por andar a comprar carros como quem compra camisas, porque é que nos havemos de chatear que outros milionários comprem os nossos vinhos a este preço? Que comprem os nossos e não os de outros países, que os bebam e digam bem da nossa qualidade. Cada vez mais. Se os vinhos realmente valem o preço que se está a pedir? Cada cabeça, sua sentença; compra quem pode e quem quer. E pronto, é isto.

E agora sim, vamos ao vinho que me traz hoje aqui. O inglês Liam Steevenson foi a pessoa mais jovem a passar no exame Master of Wine (em 2004, com apenas 27 anos)  tendo trabalhado mais de 20 anos com os principais comerciantes de vinhos do Reino Unido. Base que lhe serviu para finalmente se dedicar ao seu próprio negócio de vinhos, produzindo vinhos através de produtores parceiros em vários países. Agora, também está a lançar um espumante, estilo de vinho que ganhou grande força no Reino Unido.

Produzido em Essex, uma das regiões vitivinícolas mais reputadas da Inglaterra, em solos de argila, cascalho e areia, o Libertine é um espumante de várias colheitas (daí não ser datado) que combina duas castas nobres francesas, a Pinot Noir (60%) e a Chardonnay (40%) . Tem bolha fina e aroma frutado, com frutas vermelhas frescas em evidência – morangos, framboesa. Revela também boa mineralidade e especiaria. No paladar é seco, de boa frescura, encorpado, elegante e muito equilibrado.

Para um país que não tem fortes tradições vitivinícolas, a qualidade deste vinho surpreende. «As alterações climáticas estão a permitir que regiões inglesas como Essex, Sussex ou Kent produzam bons vinhos, daí alguns grandes investidores a nível mundial estarem já a apostar no Reino Unido», explica Cláudio Martins. E afirma ainda: «Stevenson é um profissional muito reconhecido, produz vinhos de qualidade em vários países, mas este, por ser do seu país, acaba por ser especial. Além disso, o patriotismo dos ingleses é muito forte, o espumante vende realmente muito bem». Deste espumante de edição limitada, Steevenson engarrafou 2000 garrafas e, para Portugal, vieram 200, que podem ser encontradas em restaurantes e garrafeiras de referência.