Adega do Palácio Marquês de Pombal – um espaço histórico
O grande crescimento urbano de Carcavelos, na Costa do Estoril, colocou em perigo a produção de vinho daquela zona. Actualmente apenas a adega do Palácio Marquês de Pombal, administrada pela Câmara Municipal de Oeiras, produz vinho de Carcavelos.
Não é de hoje a fama do vinho de Carcavelos, um vinho generoso de qualidade e tradição, produzido hoje em escassas quantidades. Detentor de um passado glorioso, tem qualidade reconhecida e confirmada oficialmente desde 18 de Setembro de 1908, por Carta de Lei, na qual foram definidos os princípios gerais da sua produção e comercialização. No entanto, foi no reinado de D. José I, e sob forte influência do 1º Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Mello, que o vinho de Carcavelos produzido na sua quinta, em Oeiras, conheceu o apogeu.
Não é para menos. O vinho era tão apreciado, que D. José I o enviou como presente à corte de Pequim, em 1752. Outra curiosidade foi ter sido grandemente elogiado pelo Duque de Wellington, aquando da sua passagem por Portugal, quando comandou forças militares luso-britânicas contra o exército napoleónico, no início do século XIX. Mais tarde, as tropas inglesas levaram consigo o vinho de Carcavelos, tornando-o conhecido num dos maiores mercados internacionais.
As constantes pragas vinhateiras, a falta de apoios estatais à recuperação da vinha, o desalento dos produtores e a urbanização massiva da região de Carcavelos, ditaram a extinção quase total da produção do vinho. Mas em 1997 a Câmara Municipal de Oeiras celebrou um protocolo de cooperação com a Estação Agronómica Nacional, no qual ficaram estabelecidos uma série de princípios, entre os quais a preservação da vinha existente, cerca de 5,5 hectares plantados em 1984, e a consequente recuperação da produção do vinho de Carcavelos. Para o efeito, em 2001, a Câmara Municipal de Oeiras instalou na Estação Agronómica Nacional uma adega equipada com todo o material vitivinícola necessário que permitiu, nesse mesmo ano, uma produção de 3.500 litros de vinho.
Preservar e investir nas tradições
Relançar o vinho de Carcavelos é um dos principais objectivos da Adega do Palácio Marquês de Pombal para os próximos anos. Uma imagem moderna ajuda a vender a já provada qualidade deste vinho histórico que a autarquia já transformou num dos principais símbolos de Oeiras.
O vinho comercializado, da marca Villa Oeiras (antigamente denominado Conde de Oeiras), é um generoso bem marcado pelas características naturais da região: terrenos calcários de declives voltados para sul, com temperaturas amenas e ventos de norte a subtraírem a humidade marítima. É um Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Demarcada (VLQPRD) com Denominação de Origem Demarcada (DOC), de cor topázio, aveludado, delicado, com aroma a frutos secos, mel e especiarias. As castas que o compõe são a Arinto, a Galego Dourado e a Ratinho, apanhadas manualmente, sendo a fermentação parada com aguardente vínica da Lourinhã a 77%. Envelhece depois em barricas de carvalho português e francês durante um período médio de 10 anos.
A Câmara Municipal de Oeiras continua assim a investir no aumento da sua produção, assim como remodelou a sua adega, preparada agora também para receber visitantes.