Artigo

A pinta do Pinot Noir

É nas vinhas da Adega Mãe, a cerca de 10 quilómetros do mar, num terroir de brancos, que a variedade Pinot Noir ganhou expressão e deu origem a um vinho especial. Um tinto que se apresenta com uma vincada frescura atlântica; e que reforça a nova categoria de vinhos de parcela deste produtor de referência da região de Lisboa, em Torres Vedras.

A Adega Mãe acaba de lançar no mercado o Tinto Atlântico 2020, um vinho fresco e elegante da casta Pinot Noir.  Nas vinhas, onde as castas brancas são rainhas, foi implementada também, em 2012, uma única casta tinta, Pinot Noir, numa parcela orientada a nascente. Conhecida por se adaptar a ambientes mais frescos, a casta foi sujeita a vários testes de vinificação, até que finalmente o enólogo Diogo Lopes decidiu que estava na hora de dar a conhecer a qualidade e o caracter deste vinho. «Todo o processo de vinificação visou potenciar a elegância e frescura que a Pinot Noir demonstra por natureza. Os cachos foram incorporados inteiros no início da fermentação, numa curtimenta tradicional, interrompida ao final de três dias. Aí, o vinho foi drenado para barricas usadas. A extração foi menor e assim apurámos a fruta jovem característica da casta e o perfil de acidez e frescura, tudo num registo muito equilibrado. É um tinto de taninos finíssimos, sedutor, elegante, que sugere até ser bebido a uma temperatura mais fresca», explica o enólogo Diogo Lopes.

De cor vermelha suave, é um Pinot Noir perfumado, marcado por notas florais, fruta vermelha e um toque de especiaria. Na boca é frutado, envolvente, suave mas com boa presença, excelente acidez e final persistente. Foram produzidas 7.000 garrafas deste novo tinto Atlântico, já disponível no mercado.

Mas a Adega Mâe não ficou por aqui. Ainda na categoria de Vinhos de Parcela, a Adega Mãe anunciou também a nova colheita 2019 do seu Vinhas Velhas, um 100% Vital oriundo de uma parcela em plena Serra de Montejunto. Por fim, chegam ainda ao mercado novas colheitas AdegaMãe Reserva Tinto 2017 e Dory Branco 2021.

No Adega Mãe Vinhas Velhas 2019, um monocasta de Vital, a aposta é ser um vinho diferenciador. O nariz é floral, com fruta branca presente, e paladar consistente, seco e fresco, com boa acidez, muito equilibrado. «É a segunda colheita deste branco deVital que, mais uma vez, vem revelar o carácter especial desta casta. A colheita de estreia em 2018, mesmo sendo um vinho menos comum, complexo, esgotaram rapidamente. Mantém a fermentação parcial em barrica e em ovo de cimento». Já sobre a nova colheita do Reserva tinto 2017, um vinho que junta as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot, Diogo Lopes afirma: «Depois da experiência em 2016, assistimos à confirmação da importância da Touriga Franca no lote, num vinho muito elegante, marcado também pela Touriga Nacional e complementado com o Cabernet Sauvignon e o Petit Verdot». Tem boa riqueza aromática, floral e frutada, e algum vegetal. No paladar é frutado e intenso, com boa acidez, estruturado, com notas de especiaria e final de boca prolongado.

Embora mais descontraído, o Dory branco (da nova colheita de 2021) sempre assumiu a sua simplicidade mas com algum carácter. Elaborado com as castas Viosinho, Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc, tem boa intensidade aromática, é jovem embora com alguma concentração que lhe dá alguma garra. Evidenciam-se as notas citrinas e vegetais, e no paladar complementa com um corpo médio mas acidez refrescante, e uma leve cremosidade e final de boca salino. «A evolução natural de um vinho que se tornou uma referência no seu segmento e imagem principal da casa Adega Mãe. O Dory Branco mantém o blend que o consagrou, embora a colheita 2021 esteja ligeiramente mais marcada pelo Alvarinho».