Alvarinho de elite

A Quinta do Hospital, em Monção, lança o primeiro Reserva do vinho Barão do Hospital, da colheita de 2020. Uma novidade que vem reforçar o portfolio da marca e revelar o bom trabalho de uma equipa que sabe tirar o melhor partido da casta Alvarinho.
Primeiro foi o namoro. Antonina Barbosa, Directora Geral e Enóloga da Falua, pertencente ao grupo Roullier - e Monçanense de gema - já há muito que sabia do potencial daquela quinta que já conhecia como a palma da sua mão. Anteriormente, ainda sem saber que algum dia iria trabalhar para o grupo Roullier, já tinha conversado com os antigos proprietários e mostrado interesse na quinta em nome de outro produtor, mas as negociações não correram como o esperado, e a aquisição não foi para a frente. Quis o destino que o negócio se fizesse mais tarde, já com Antonina ao comando da Falua, hoje pertencente ao grupo Roullier.
A compra de uma adega em Monção, nos finais de 2020; e da Quinta do Hospital, em Fevereiro de 2021; permitiu que se reunissem todas as condições para se avançar com a produção de vinho. A quinta encontra-se em Monção (mesmo junto à fronteira entre Monção e Melgaço), tem 25 hectares, nos quais já existiam 10 hectares de vinha da casta Alvarinho. Em 2024 vão ser plantados mais dez com a mesma casta, a mais famosa da região. Além disso, o produtor também aposta na produção de Loureiro. O ano passado foram plantadas na Casa da Torre (pertencente à companhia de Jesus) , em Soutelo (Vila Verde) mais 11 hectares de vinha, 10 de Loureiro e 1 de Padeiro. Esta propriedade, com quem a Falua tem uma forte parceria no fornecimento de uvas para a produção de vinho ficou agora mais reforçada com a nova plantação.
Assim, os primeiros vinhos da colheita de 2020 de Barão do Hospital Alvarinho (de Monção) e Loureiro (de Vila Verde) protagonizaram o arranque da marca, sendo agora lançado o Reserva do mesmo ano, que vem não só reforçar o portfolio como ajudar na consolidação da marca: «Vamos ainda lançar em Junho deste ano um espumante da casta Padeiro, com uvas da Casa da Torre; e um espumante de Alvarinho no final do ano», revela ainda Antonina Barbosa, que cada vez mais tem sobressaído com garra e entusiasmo no seu novo trabalho. «A nossa estratégia a curto prazo passa por dar continuidade na ampliação do nosso portfolio, o que reflete claramente a aposta contínua na região. Todos estes vinhos revelam a história, o orgulho nas tradições e o respeito pelas características naturais do solo e da casta, no terroir de origem», remata.


Oriundo de solos graníticos, este vinho foi feito com uvas arrefecidas a 5ºC, seguindo-se um suave desengace das mesmas e uma maceração pelicular durante algumas horas a baixa temperatura. 50% do lote, após prensagem, teve o mosto clarificado por decantação e fermentou em cubas de inox a temperatura controlada de 16ºC, mantendo-se o vinho sobre as borras finas durante um 1 ano, com batonnage regular. Já os outros 50% do lote, após prensagem, foi sujeito a uma maceração longa (8 dias a 6ºC) com borras finas. Após este período, o mosto foi decantado, seguindo-se a fermentação alcoólica em barricas de carvalho francês (30% novas, e as restantes de 2 e 3 anos), onde permaneceu sobre as borras finas durante um ano, com batonnage regular. Após engarrafamento ficou ainda um ano de estágio em garrafa.
Intenso e elegante, o Barão do Hospital Alvarinho Reserva 2020 revela um aroma complexo onde predominam as notas cítricas, florais e minerais. No paladar é um vinho estruturado, com uma belíssima acidez, persistente e revelador de um grande potencial de guarda. Foram produzidas 6.000 garrafas e o PVP é de 24€. Um Alvarinho genuíno, vibrante e cheio de garra, que não terá dificuldade em entrar no TOP 5 dos melhores vinhos Alvarinho da região.
Segundo Antonina Barbosa, estes investimentos recentes permitiram à empresa um crescimento assente «nos valores de sustentabilidade e de grande respeito pela natureza». O investimento não foi por isso apenas na aquisição de terra para instalação de vinha, «mas sobretudo nas condições que permitem garantir a produção de uvas de elevada qualidade para continuar a produzir vinhos de excelência».
A Quinta do Hospital cumpre a estratégia de expansão da Falua (sediada na região Tejo) a outras Regiões Demarcadas, ao mesmo tempo que sublinha a escolha da sub-Região de Monção e Melgaço pela identidade e autenticidade pretendida para a operação de viticultura e produção de vinhos do Grupo: «Estamos num território que se destaca pela produção de vinhos brancos de excelência e que reúne características distintivas dentro e fora da Região dos Vinhos Verdes, para além de termos o privilégio de preservar e promover a história deste local, que faz parte da História da nacionalidade portuguesa. Com a marca Barão do Hospital queremos fazer crescer o negócio de vinhos em Portugal, alicerçado em prestígio e maior valorização».
Detida pelo Grupo Roullier, a Falua conta com 25 anos de atividade no sector. O investimento na Quinta do Hospital cumpre o objetivo de potenciar todas as atividades do Grupo Roullier em Portugal, em particular na atividade da Falua nas áreas de viticultura e enologia.

Acredita-se que as terras onde se situa a Quinta foram doadas pela mãe de Dom Afonso Henriques – a Condessa Dona Teresa de Leão – à Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém ou Ordem do Hospital, de forma a que se instalassem no Condado Portucalense.
A Ordem do Hospital era uma das principais instituições internacionais da época e a sua implantação implicava prestígio e uma estratégia para estabelecer um importante aliado para a política autonómica que vinha sendo desenvolvida, contribuindo para o processo de afirmação do Condado e a sua posterior independência, levando à formação de Portugal.
Na Idade Média, os hospitais eram espaços criados dentro do espírito de auxílio ao próximo, destinados a acolher e dar ‘hospitalidade’ a viajantes e muito especialmente peregrinos, o que contribuiu para que esta Quinta se transformasse num local de apoio hospitalar/hospitaleiro aos peregrinos que se dirigiam para Santiago de Compostela.
Com uma fachada brasonada do século XVI, referente ao Barão do Hospital, a Quinta do Hospital localiza-se na freguesia de Ceivães, concelho de Monção, dominando a estrada nacional no extremo nascente da localidade de Valinha.

