António Saramago lança novidades e apresenta novas colheitas
Assume ser o mais antigo enólogo em actividade e é uma referência da história do vinho português. Depois de mais de quatro décadas a trabalhar na José Maria da Fonseca, e de em 2002 se ter lançado por conta própria na sua empresa de vinhos, António Saramago conta com um portfolio variado, apresentando agora três novas colheitas e duas novidades muito simbólicas.
Chama-se Sucessão Reserva Especial, da colheita de 2014, e é uma das novidades lançada pela empresa do enólogo António Saramago. Um tinto regional da Península de Setúbal, topo de gama elaborado com as castas Castelão (90%) e Alicante Bouschet, fermentado em cubas de inox a temperatura controlada, estágio de 72 meses em barricas novas de 225 litros e outros 24 meses em garrafa. De cor vermelha acentuada e aroma a frutos do bosque, é um vinho potente, fresco e envolvente, denso e persistente no paladar, com um final profundo e elegante. Deste Sucessão Reserva Especial foram enchidas mil e poucas garrafas. «Tenho quatro netos e cada um tem direito a 250 garrafas. O valor da venda das garrafas – 180€ PVP cada uma - será deles. É uma edição muito limitada, as poucas que restam são para servir em família ou em provas como estas», graceja António Saramago. Apesar de dedicar este vinho às novas gerações, este vinho surgiu, principalmente, «pelo facto de ser muito bom e porque se mostrou no ponto certo de ser lançado», segundo revela o enólogo. «É um vinho simbólico, sem dúvida, mas se não fosse muito bom não o teria lançado. Acabou por me surpreender e achei que merecia ser engarrafado como um vinho especial», remata.
Quanto à segunda novidade, um Moscatel Roxo, é a primeira vez que trabalha com esta variedade (tem trabalhado apenas com a Moscatel de Setúbal). Um generoso oriundo de vinhas de vários produtores com uma média de 20 anos de idade das zonas de Azeitão e Poceirão. Após uma ligeira fermentação, foi aguardentado e macerado durante 6 meses, com envelhecimento em barricas de carvalho francês de 225 litros durante mais de 10 anos (atestadas ao longo dos anos devido à evaporação). Sendo um vinho intenso, deu origem a 6000 garrafas de meio litro, que já estão à venda pelo PVP de 45€. De cor âmbar escura, revela um floral intenso, casca de laranja cristalizada e mel. Na boca é doce, mas bem balanceado com uma excelente acidez, longo e persistente.
Relativamente às novas colheitas que estão no mercado, foram ainda apresentados os vinhos António Saramago branco Chardonnay 2019; António Saramago AS 2015 e António Saramago Superior 2016, os dois últimos tintos.
O Chardonnay segue o perfil das anteriores colheitas, sendo seco, gordo, com boa acidez no paladar e a madeira marcada a ir ao encontro de um consumidor mais clássico. Mas a qualidade está lá e recomenta-se. No AS tinto, fermentado em lagar com engaço parcial e maceração pré-e pós fermentativa, o vinho destaca-se pela intensidade das vinhas velhas (70 , 80 anos) da zona do Poceirão, implantadas em solo de areia das castas Castelão (na sua maioria, cerca de 85%), Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet, esta última a dar-lhe um toque balsâmico atrativo ao vinho. O estágio fez-se em carvalho francês durante 18 meses e em garrafa 12 meses. No paladar tem taninos envolventes mas firmes, com muito ainda por crescer, mas muito elegante.
Por último, o António Saramago Superior tinto 2016, que impressionou também pela profundidade dada pelas vinhas com mais de 50 anos das zonas de Poceirão e Lagameças (solos de areia). «Sempre fui um grande defensor da casta Castelão. É uma casta difícil mas esse é o desafio. Existem muitas castas estrangeiras na Península de Setúbal, que têm resultado muito bem ao longo dos anos, mas é um orgulho trabalhar com as nossas castas e a Castelão é rainha na nossa região», conclui o enólogo.