Barca (Velha) à vista!
Depois da Sogrape (Casa Ferreirinha) ter declarado mais um Barca Velha (2015), o lançamento está previsto para o final deste mês de Junho.
Já se sabe, actualmente há vinhos de topo tão bons como o Barca Velha, mas por muitos enófilos, este é o vinho português mais emblemático. Por um lado têm razão. Além da qualidade que tem, o Barca-Velha tem uma enorme história por trás. O vinho é fruto de uma iniciativa audaciosa levada a cabo nos anos 40 por um dos mais reconhecidos enólogos portugueses da sua época, Fernando Nicolau de Almeida, que pela primeira vez vinificou um vinho a temperatura controlada, entre outras técnicas, algo que aprendera em França, na universidade de Bordéus, onde a vinificação era bem mais avançada que em qualquer outro país a nível mundial.
Assim, o famoso Barca Velha é um tinto produzido e lançado depois de esperarmos por ele e quando o enólogo – actualmente Luís SottoMayor – considerar que está pronto a ser lançado para o mercado. Neste vinho, tudo conta. A seleção das melhores castas, a vinificação, o estágio e a decisão enológica de o declarar, algo que só acontece em anos verdadeiramente excecionais. Após 21 colheitas, surge assim mais um Barca Velha cheio de «graciosidade, carácter e persistência», conforme o define Luís de Sottomayor, que coordena a equipa de enologia da Casa Ferreirinha desde 2007. «A natureza é prodigiosa, e eu tenho o privilégio de saber o histórico deste vinho. Não posso dizer que há vinhos perfeitos, mas para alguém que gosta de complexidade, harmonia e estrutura, e ao mesmo tempo elegância, temos aqui um vinho de grande nível. 2015 é um pouco o espelho do que temos vindo a fazer no passado, por isso é realmente um vinho excepcional, um grande vinho de guarda que está aqui para durar».
Para ser um Barca Velha, a estrutura do vinho tem de ser complexa mas elegante, assim como a fruta, acidez e a madeira. No fundo, um vinho equilibrado onde todas as características se evidenciam da mesma forma, não se ultrapassando. Depois de 9 anos de estágio, o Barca-Velha 2015 promete - tal como os seus antecessores - alcançar o seu apogeu até 25 anos após a sua colheita. Para Fernando da Cunha Guedes, Presidente da Sogrape, «Quando se trata de lançar um vinho tão emblemático, a sensação é sempre de um misto de grande alegria e enorme responsabilidade. Sabendo que para esta declaração são necessárias uma série de circunstâncias realmente especiais, e que tal magia não acontece quando o homem quer, mas sim quando a natureza o permite, o lançamento de uma nova colheita de Barca-Velha é, efetivamente, um momento único – para a Sogrape, para o setor vitivinícola, e para os consumidores que ansiosamente aguardam a oportunidade de provar o vinho».
De cor rubi profunda, tem um aroma de fruta preta, notas florais, de especiaria e apontamentos balsâmicos. Na boca mantém um perfil complexo, com um ataque poderoso de fruta preta e vermelha, acidez vibrante, taninos vivos e notas de especiarias, com um final muito longo e de grande elegância. Segundo o relatório de vindima da Sogrape, «o ano de 2015 foi um ano seco ao longo da maior parte do ciclo vegetativo, com o mês de março a registar metade da precipitação esperada e uma temperatura superior à normal entre abril e maio. Os meses de junho e julho foram muito quentes, mas a boa gestão da disponibilidade de água no solo e da folhagem possibilitaram um pintor regular e homogéneo. O clima acelerou o ciclo de crescimento das vinhas em cerca de 1 a 2 semanas, sendo que as amplitudes térmicas sentidas entre agosto e setembro permitiram uma maturação equilibrada das uvas, preservando a sua elegância e harmonia». Estas condições proprcionaram mais um lançamento de Barca Velha que agora vê a luz do dia. Recorde-se que as colheitas lançadas de Barca-Velha foram: 1952, 1953, 1954, 1955, 1957, 1964, 1965, 1966, 1978, 1981, 1982, 1983, 1985, 1991, 1995, 1999, 2000, 2004, 2008, 2011 e 2015. A nova colheita (21ª edição) chegará ao mercado a partir do final do mês de Junho.