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Branco de respeito

Foi lançado recentemente a terceira edição do DOC Douro Kopke Winemaker’s Collection, um Folgazão & Rabigato Grande Reserva Branco de 2016, apresentado num evento exclusivo que decorreu na Quinta de S. Luiz, no coração do Douro.

Depois de ter lançado em anos anteriores um Grande Reserva Branco Arinto & Rabigato 2015, e um Rosé Reserva Tinto Cão 2019, o enólogo de vinhos DOC da Kopke, Carlos Macedo, decidiu investir nas castas Folgazão e Rabigato para esta terceira edição da Wine Maker’s Collection. Este é um conceito de laboratório, que nasce do sentido experimentalista da equipa de enologia da Kopke que, em cada vindima, avalia o potencial de cada vinha/casta e acompanha a sua evolução, com a expectativa de produzir vinhos que surpreendem o mercado.

No evento esteve presente Sergio Marly Caminal, CEO do Grupo Sogevinus (detentor das marcas Kopke e Calém), que se revelou satisfeito com o trabalho desenvolvido: «Esta é a terceira edição destes vinhos especiais. Com este conceito temos vindo a mostrar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela nossa equipa de viticultura e enologia na produção de vinhos de grande qualidade» afirmou, gracejando ainda: «São vinhos aos quais não olho tanto a custos… nem acredito que estou a dizer isto, mas pronto, de vez em quando tem de ser».

Tendo por base de trabalho a herança empírica da região do Baixo Corgo, em 2015 foi elaborado um plano de estudo de castas brancas de forma a avaliar os diferentes desempenhos neste terroir. Com o intuito de selecionar as que melhor se enquadrariam num perfil de vinhos de grande elegância e complexidade, vinificaram-se diversas variedades e, deste projeto, a plantação de sete castas tradicionais do Douro: Rabigato, Viosinho, Folgazão, Arinto, Gouveio, Cercial ou Esgana Cão e Códega do Larinho. Foi assim que o enólogo Ricardo Macedo seleccionou o blend de Folgazão e Rabigato, estagiado em barricas de 300 litros, agora disponível em edição limitada, numerada e assinada. Um total de 2.202 garrafas que estarão à venda nas melhores garrafeiras portuguesas e no canal Horeca.

Quinta de São Luiz
Loja (em cima) e caves de envelhecimento da Quinta de São Luiz


«Para produzir estes vinhos utilizámos as melhores uvas destas duas variedades. Foram vindimadas manualmente em caixas de 20kg e seguiram para a adega, onde se fez uma segunda seleção de cachos em tapete de escolha» revelou, continuando a explicar: «Após a prensagem dos cachos inteiros, o mosto fermentou depois em barricas, onde estagiou de 2016 a 2020. O lote ­final resulta da escolha das melhores barricas ao longo destes 4 anos e é a expressão do potencial destas duas castas neste terroir tão particular», rematou.

Produzido com 70% de Folgazão e o restante de Rabigato, é um branco de aroma frutado e mineral, com notas de especiaria. No paladar é untuoso e envolvente, complexo e detentor de uma enorme frescura. Elegante e persistente, é um vinho que surpreende.

Recorde-se que a Kopke é uma marca criada por uma família alemã, originários de de Hamburgo, que se fixaram em Lisboa em 1636, onde Nicolau Kopke desempenhou o cargo de Cônsul Geral da Liga Hanseática. Dois anos mais tarde, em 1638, seu filho Christiano Kopke estabeleceu-se no Porto como comerciante e exportador de produtos portugueses, sendo ao mesmo tempo Cônsul no Norte. Foi ele quem deu início à exportação de vinho, tornando-se numa das marcas líder de vinho do Porto entre 1670 e 1680.  Ao longo de muitas gerações, o negócio foi dirigido pelos membros da Família Kopke. Com a morte de Joaquim Augusto Kopke, em 1895, chegaram ao fim mais de 250 anos consecutivos de ligação da família à casa que tinha o seu nome.

A partir de então, a C. N. Kopke & Cº, propriedade da família Bohane, passa a ser dirigida a partir de Londres. A dificuldade em geri-la à distância, e os problemas financeiros causados pela II Grande Guerra, obrigaram Frank e Edgar Bohane a vender a Empresa em 1953 à Família Barros, cujo líder, Manuel de Barros, estava já ligado ao negócio da exportação do Vinho do Porto. A Casa Kopke manteve, no entanto, uma grande independência comercial. Manuel de Barros e os seus filhos, João Barros e Manuel Barros, dirigem a Companhia até meados dos anos setenta, tentando melhorar cada vez mais a imagem dos seus vinhos, e desenvolvendo uma importante e vasta unidade agrícola na Região do Douro, a Quinta de S. Luiz.

Em Junho de 2006, o Grupo Sogevinus adquire a C.N. Kopke & Cª Lda, mantendo a sua reconhecida marca como sinónimo de qualidade e prestígio.