Opinião

Brancos com idade, uma prova sempre surpreendente

Há tempos fiz uma vertical de Morgado de Santa Catherina (2010, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016) e ainda algumas provas de barrica que contribuem para que me torne cada vez mais ‘brancófila’! Além da evidente frescura da casta Arinto e, sendo uma apaixonada por vinhos brancos com alguma idade, é o seu excelente potencial de envelhecimento e a sua mineralidade que sempre me surpreendem. Por ter estas características o Morgado de Santa Catherina é um dos meus brancos de eleição, que já passou pelas mãos de grandes enólogos como Nuno Cancela de Abreu ou João Corrêa. Mais recentemente, a equipa a cargo do vinho foram os enólogos Maria Godinho e Manuel Pires da Silva.

Desde 2014 nas mãos da Wine Ventures, que a adquiriu à Companhia das Quintas e agora a vendeu no início de 2019 à Sogrape, a enologia da Quinta da Romeira foi entretanto assumida  por António Braga, encarregue de manter a tradição de o produzir com a qualidade de sempre.

A Quinta da Romeira data de 1703, ano em que o Conde de Castelo Melhor designou em honra da Princesa Catarina de Bragança, o Morgado de Santa Catherina, nome dado também a este vinho. Encontra-se na região de Lisboa, em Bucelas, tem 130 hectares, dos quais 75 hectares são de vinha (25 deles plantados recentemente).

O Morgado de Santa Catherina é o topo de gama desta propriedade, uma Arinto fermentada em barricas de carvalho francês que marca a diferença. A prova que tive o privilégio de fazer revelou vinhos intensos e volumosos, complexos e com uma excelente frescura, e madeira sempre muito bem integrada. Complementam-se notas de especiaria e mineralidade. As colheitas mais velhas ganharam aqueles aromas terciários especiais que tanto me apaixona (na prova começaram a surgir na colheita de 2013, com notas de geleia branca, e petróleo, uma maravilha!), mas as colheitas recentes prometem uma evolução tão boa com as mais antigas. E as antigas ainda estão para durar.

Quem gosta destas raridades deve procurá-las em garrafeiras porque não há descrição para o prazer que dão estes vinhos brancos mais velhos. E não os deixem eternamente na garrafeira, porque nunca sabemos o dia de amanhã e é preciso aproveitar a vida!