Chryseia 2021, What Else?
A parceria entre as famílias Prats e Symington continua a dar frutos, desta vez com a apresentação do Chryseia 2021 no reconhecido Restaurante Pedro Lemos, no Porto (1 * Michelin).
Há mais de duas décadas, o Chryseia tem vindo a consolidar a sua reputação como um dos vinhos DOC Douro de referência da região. A génese deste vinho remonta a 1999, altura em que o enólogo e antigo proprietário do prestigiado Château Cos d’Estournel, Bruno Prats, amigo da família Symington, abraçou este projecto. Uma amizade que junta pessoas mas também duas regiões mundiais de famosas através de um tinto de excepção, bem diferente dos potentes vinhos que se produziam na época.
Desde então, o sucesso deste vinho é bem visível, sendo um percursor de uma tendência que é hoje uma realidade a nível mundial: Vinhos estruturados mas de taninos finos e elegantes, com uma enorme frescura, final de boca profundo e grande capacidade de envelhecimento. Este perfil, desenhado por Bruno Prats em parceria com a equipa da Symington, destacou-se logo pelas suas características. «Com o passar dos anos, o meu papel é cada vez mais modesto. O vinho foi ficando cada vez mais definido, e quando hoje o provamos, isso é bem claro. Por isso é tão importante que haja alguém todos os dias na adega para vigiar este projecto», afirmou Bruno Prats, passando o foco ao enólogo Miguel Bessa, também presente no almoço, e que, juntamente com Charles Symington e Pedro Correia são os ‘guardiões’ do vinho na ausência do enólogo bordalês.
Segundo Miguel Bessa, a colheita de 2021 do Chryseia foi relativamente ‘fácil’: «Tudo jogou a nosso favor, foi um ano fresco e com maturações lentas. Assim, conseguimos um perfil não tão frutado, mais mentolado, com notas de bosque e de mineralidade muito interessantes», revela. No paladar, diz quem vos escreve, manteve a elegância de sempre, revelando-se um grande tinto para refeições mais complexas, mas igualmente delicadas, onde os aromas e sabores se harmonizam na perfeição em estrutura ou contraste.
Quando o Chryseia foi lançado, deu logo que falar pelo seu perfil diferenciador. E, logo na sua segunda colheita - o Chryseia 2001 - fez história ao integrar o TOP 100 anual da prestigiada revista Wine Spectator, posicionando-se num impressionante 19º lugar a nível mundial, com 94 pontos. Adicionalmente, o Chryseia 2011 alcançou uns notáveis 97 pontos na mesma publicação em 2013, representando uma das mais altas distinções já atribuídas a um vinho tranquilo português.
Esta parceria singular entre as famílias Prats e Symington tem redefinido o panorama do DOC Douro, com o Chryseia a estabelecer-se como pioneiro na promoção e reconhecimento dos vinhos não fortificados do Douro. O portfólio da Prats & Symington inclui ainda vinhos notáveis como o Post Scriptum e Prazo de Roriz, que também foram provados durante o almoço.
Recorde-se que a Quinta de Roriz é uma das mais antigas e conceituadas vinhas do Alto Douro, reconhecida há longa data pelos vinhos engarrafados desde o início do século XVIII com marca própria. Os principais mercadores de vinhos de Londres pagavam preços mais elevados pelos vinhos do Porto de Roriz, havendo numerosos registos do século XIX dos valores apreciáveis alcançados pelos vinhos da quinta nos leilões de vinhos da Christie's.
Após vários anos de gestão conjunta das famílias van Zeller e Symington durante o início do século XXI, a propriedade foi adquirida em parceria com a família Prats, em 2009. Desde então, a quinta tem sido a base dos vinhos da parceria Prats & Symington.
O solo de xisto clássico do Alto Douro em Roriz predomina, mas a composição é também influenciada pela geologia específica do local onde a presença de estanho e ouro das antigas minas no topo da propriedade confere uma mineralidade distintiva aos vinhos de Roriz. Situada na margem sul do rio Douro a meio caminho entre o Pinhão e o Tua, a quinta forma um anfiteatro natural com uma orientação predominantemente a norte, o que proporciona alguma frescura, ideal na produção de vinhos DOC Douro.