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Churchill’s: Quatro décadas décadas a produzir vinhos Premium

A Churchills apresentou recentemente a nova imagem dos seus produtos mas, acima de tudo, deu a conhecer a consistência que alcançou ao longo dos últimos 40 anos na produção de vinhos premium do Porto e Douro.

Minimalismo é o que revela a nova imagem da Churchills, que passou não só pelo logotipo como pela imagem das garrafas. Alguns rótulos estão mais clássicos, outros mais artísticos, mas o seu formato de diamante nos vinhos do Porto deixa antever as preciosidades líquidas que existem dentro das garrafas. E isso é, sem dúvida, o mais importante.

Comecemos pela história da Churchill’s. Oriundo de uma conhecida família produtora de vinho (5a geração ) John Graham tinha apenas 21 anos quando começou a trabalhar na Cockburn’s, juntamente com um dos sócios da empresa, e ali fez a sua primeira vindima. Um trabalho que iniciou em 1973, e que manteve até 1981, a aprender muito sobre o mundo do vinho e sobre a sua profissão. Não é por isso de estranhar que tivesse o sonho de continuar o seu percurso profissional na empresa de família, mas a Graham’s acabou por ser vendida à família Symington, acabando Johnny por ser obrigado, mais tarde,  a abrir a sua própria empresa. (Na foto de entrada, Johnny Graham com a sua filha Zoe; Directora de Vendas e Marketing e sexta geração da família), e o enólogo Ricardo Pinto Nunes).

Começou então a procurar vinhos com um determinado perfil em diversas empresas produtoras para fazer blends, mas ninguém parecia ter o que ele queria. Até que, finalmente, falou com Jorge Borges de Sousa, que tinha mais de 1000 pipas armazenadas, e acabou por ir comprando aos poucos para fazer os seus vinhos. Já com vinhos disponíveis, podia avançar com a constituição da sua própria empresa mas, como o nome Graham’s já não podia ser utilizado (porque pertencia aos Symington) Johnny decidiu então pedir ‘emprestado’ o sobrenome da mulher Caroline Churchill, e fundou a empresa em 1981, ano posterior ao seu casamento. «Este foi o início da empresa, uma grande aventura», recorda Johnny. «Durante uns anos usei os vinhos de Jorge Borges de Sousa mas eles perceberam o que lá tinham de bom e já não me venderam mais», remata, com uma gargalhada.  

Foi nessa altura que achou que a empresa deveria finalmente comprar uma quinta para produzir os seus próprios vinhos. «Comecei então a procurar uma quinta com a localização que pretendia,  na margem esquerda do Douro e virada a norte, na região do  Cima-Corgo», revela o produtor. Ali encontrou a Quinta da Gricha, uma propriedade de 50 hectares que já conhecia desde a época em que trabalhou na Cockburn’s e que, por acaso, estava à venda. No passado, ainda a trabalhar na Cockburn’s, recordava-se de lá ter comprado bastantes uvas, e como sabia a qualidade do produto, não teve dúvidas em avançar com a compra. Algo que só acabou por acontecer anos mais tarde porque a quinta estava prometida a outra pessoa que acabou por não conseguir comprá-la. Facto que não o impediu de ir comprando uvas, até ser finalmente ser sua. O destino estava traçado!

A Quinta da Gricha situa-se na margem esquerda do Douro, e encontra-se virada a norte, na região duriense do Cima-Corgo



Passados mais de 30 anos, a Churchill's construiu uma reputação a produzir vinhos do Porto e Douro premiados, no estilo único e pessoal do seu fundador.  Enquanto quinta geração na produção de Vinho do Porto, Johnny Graham foca-se em produzir vinhos para o futuro, que resistem ao tempo, e utilizando métodos sustentáveis que asseguram que as gerações futuras serão capazes de manter a tradição familiar no Douro.

Todas as vinhas da quinta são classificadas com a letra A - a mais valiosa do Douro - e todos os Portos são ainda produzidos nos tradicionais lagares de granito construídos em 1852.  «Com a compra da Quinta da Gricha, a Churchill’s passou também a produzir vinho do Douro, que têm alcançado grande sucesso. A marca Churchill’s Estates acaba por ser a força motriz do portfólio, vinhos com uma identidade muito própria que se distinguem pela sua frescura e pureza de fruta», afirma o produtor.

Vinhos com Personalidade

Para avaliar a consistência do trabalho da empresa, estiveram à prova diversos vinhos Premium. No primeiro flight de vinhos da gama Churchill’s Grafite Estate foram provados o Branco 2020 e tinto 2019, vinhos mais simples mas substanciais, com presença. Já o Tinta Roriz 2019 e o Touriga Nacional 2014 revelaram-se com diferentes perfis mas ambos consistentes. No final, o Grande Reserva Tinto 2014 acabou por brilhar; pela estrutura, pela complexidade e frescura, demonstrando um excelente potencial de envelhecimento.

No segundo flight entrámos já nos Portos, estando em prova o Churchill’s Dry White, que se revelou um branco simples mas sedutor. Já nos Tawnies, foram provados os Churchill’s 10, 20 e 30 anos, que revelaram bem o perfil de cada Porto datado, mantendo entre eles uma linha de ligação, mas destacando-se o Porto 30 anos pelos seus bonitos aromas terciários e paladar complexo e profundo, e excelente acidez.

O último flight deu ainda a  conhecer a família ruby da Churchill’s: o Reserve,  o LBV 2017 e o Crusted Port bottled in 2014, este último a primar pela originalidade (já são poucas as casas que fazem este estilo de Porto, ligeiramente mais rústico por não ser filtrado, mas muito saboroso). A interligá-los a certeza de que são vinhos de grande qualidade, dos mais simples aos mais complexos, que certamente darão alegria ao mais exigente apreciador de vinhos.