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Colinas do Douro, terroirs de eleição

As terras do produtor Colinas do Douro dividem-se entre o Douro e a Beira Interior, regiões onde produz vinhos de altitude.

Situada na transição geológica do xisto do Douro e do granito da Beira Interior  a propriedade de Colinas do Douro tira proveito dos dois terroirs através de diversas experiências vínicas que tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos. Essas experiências traduzem-se hoje num portfolio de vinhos já interessante, elaborados a partir de vinhas enraizadas em solos situados a 640 metros de altitude, marcados por três elementos-chave: elegância, acidez e mineralidade, características que contribuem para um bom potencial de guarda.

O projeto nasceu pela mão do empresário Kelson Giovetti que se apaixonou pelo Douro e adquiriu a propriedade, em 2010, da qual fazem parte quatro quintas contíguas que perfazem, no total, 476  hectares (dos quais 105 são de vinha, incluindo cinco de vinha velha com mais de 40 anos). As principais castas autóctones ali presentes são a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tita Roriz, Rabigato e Viosinho. As vinhas estão expostas maioritariamente expostas a norte, com alguns vales intermédios. Mais de 50 hectares são plantados ao alto e cerca de cinco hectares já estão a ser convertidos em agricultura biológica (o restante encontra-se em agricultura integrada) entre colinas que estão a ser convertidas a biológico.

Para o apoiar no projecto, rodeou-se de profissionais competentes, o engenheiro agrónomo Diogo Mexia (actualmente o director-geral do projecto, à direita, na foto); os enólogos Jorge Rosa Santos (director de produção e enologia, à esquerda na foto); e Rui Lopes (coordenador de enologia, à direita, ao lado de Kelson, na foto); e Duarte Sequeira (coordenador de viticultura). Além da equipa, Kelson investiu também na construção de uma adega, projectada pelos arquitectos Eduardo Souto de Moura e Ricardo Rosa Santos, que será inaugurada no próximo ano, ainda sem data certa devido aos atrasos provocados pela pandemia. Com 3500 m2 de área, o projecto, com um valor de investimento de 5,5 milhões de euros, terá uma única janela de luz na sala de provas que estará voltada para a vinha. Orientada por princípios de sustentabilidade, a equipa de arquitectos privilegiou o equilíbrio entre as necessidades técnicas e a natureza envolvente, garantindo o mínimo de impacto ambiental e a máxima eficiência energética.

A adega desenhada por Souto Moura e Ricardo Rosa Santos estará pronta em 2021



Vinhos pensados para durar

Às sete referências existentes de Colinas do Douro - entre brancos, tintos e um colheita tardia –, somam-se cinco outras referências com uma designação diferente: Quinta da Extrema. O nome desta marca é também o nome da quinta mais emblemática da propriedade, por melhor traduzir a singularidade do seu terroir.

Para mostrar um pouco do seu trabalho desenvolvido na Colinas do Douro, o enólogo Jorge Rosa Santos organizou uma prova onde estiveram vários dos seus vinhos. Foram eles o Colinas do Douro Superior branco 2019; Quinta da Extrema Reserva branco 2018; Colinas do Douro Superior tinto 2019; Quinta da Extrema Syrah 2018; Quinta da Extrema Cabernet Sauvignon Grande Reserva  2018 e Colinas do Douro Colheita Tardia 2016.  

Na gama Colinas do Douro Superior destacou-se a excelente relação qualidade preço dos vinhos, com um PVP de 5,95€ e uma qualidade muito consistente. O branco, elaborado com as castas típicas da região (Gouveio, Viosinho e Moscatel Galego), plantadas em encostas viradas a nascente e a 500 metros de altitude, fermentou e estagiou apenas em inox, com estágio sobre borras finas, e tem um perfil muito aromático e fresco. Tal como o tinto Superior, envolvente no aroma e no paladar, elaborado com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinto Cão, que estagiou 30% do lote durante seis meses em barrica de carvalho francês e 70% em cuba de inox.

Nos Quinta da Extrema, destaque para o Reserva branco, à base de Viosinho, Rabigato e Moscatel Galego, com fermentação e estágio de 6 meses em barrica de carvalho francês. Um branco seco, envolvente e com uma frescura que lava o paladar. No entanto, os tintos monocasta não deixam de ser igualmente envolventes, muito bem equilibrados e conseguidos. Por último o colheita tardia, que tem a curiosidade de ser poroduzido com a casta Chenin Blanc, fermentado e estagiado 12 meses em barrica de carvalho francês, que ainda tem a particularidade de não estar presente em mais nenhum colheita tardia português.



Jorge Rosa Santos tem a família ligada aos vinhos (três dos irmãos são enólogos) por isso não é de estranhar ter seguido esta área. Depois de tirar agronomia e enologia rumou à Nova Zelândia e à Austrália para aperfeiçoar os seus conhecimentos em vinhos brancos. De regresso a Portugal, acumulou experiência em várias regiões vitivinícolas do país – do Douro ao Alentejo, de Colares a Azeitão. Tem ainda um projecto familiar ligado ao vinho. As experiências que acumulou nas várias regiões vitivinícolas do país apetrecharam-no com um saber invulgar e transversal do património vínico português, em termos de castas e terroirs. Aqui se percebe o seu trabalho na Colinas do Douro e a busca pela originalidade.