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Costa Boal, compromisso com a qualidade

O produtor das regiões de Douro e Trás-os-Montes lançou recentemente novas colheitas e duas novidades, um topo de gama tinto e um Porto centenário que confirmam um trabalho sério e de grande qualidade.

António Costa Boal é o herdeiro de uma família de pequenos produtores durienses desde 1857. Natural de Cabêda, concelho de Alijó, decidiu investir nas propriedades de família no seguimento de partilhas. Fundou então a Costa Boal em 2009, que lançou os primeiros vinhos em 2011, na região de Trás-os-Montes (Flôr do Tua e Palácio dos Távoras), iniciando investimentos também no Douro com a compra de uma quinta em Foz Côa (vinhos Flor do Côa) e a recuperação da adega da família, localizada na aldeia de Cabêda. Um ano mais tarde inaugurou a adega e armazém com linha de montagem e expedição em Mirandela.

A aquisição da Quinta dos Tojais, em Cabêda, selou em definitivo o regresso de António Costa Boal às origens - embora resida em Mirandela, onde estudou Engenharia Agrícola e casou - resultando dessa nova aposta a criação de vinhos topo de gama.

Actualmente, a empresa possui cinco quintas - Quinta do Vale de Mouro (Foz Côa), Quinta do Sobredo (Vilar de Maçada, Alijó), Quinta da Pia (Porrais, Murça), Quinta dos Tojais (Cabêda, Alijó) e Quinta dos Távoras (Mirandela) - e algumas vinhas mais pequenas, entre as quais uma vinha histórica nas arribas do Douro, em Miranda do Douro. Com excepção de Miranda do Douro, cuja vinha tem mais de 100 anos, as vinhas Costa Boal têm idades entre sete e 60 anos e totalizam uma área de cerca de 50 hectares. Anualmente, a empresa produz 150 mil garrafas de vinho, essencialmente comercializadas no mercado nacional (77%), estando a abrir mercados externos.

O diversificado portefólio da Costa Boal. Foto: Luísa Ferreira.


Entre o diversificado portefólio da Costa Boal estão as referências Flor do Côa (dois brancos e três tintos de diferentes gamas) e Costa Boal (o tinto Reserva Homenagem, Porto Vintage 2014 e Porto Tawny muito velho), no Douro. Da região de Trás-os-Montes, o produtor tem os rótulos Palácio dos Távoras (um branco e cinco tintos, entre os quais os monovarietais Bastardo e Alicante Bouschet, bem como o topo de gama Gold Edition), Quinta dos Távoras (dois vinhos Reserva, um branco e um tinto) e Flôr do Tua (dois brancos, um deles Moscatel Galego, e três tintos de diferentes gamas).Todos os vinhos têm a assinatura do enólogo Paulo Nunes, que trabalha com António Costa Boal desde o início do projecto.

Os vinhos são assinados pelo enólogo Paulo Nunes (à dirt), que trabalha com António Costa Boal desde o início do projecto (à esq) . Foto: Luísa Ferreira.


Novidades e novas colheitas

António Boal trouxe a Lisboa - ao restaurante ‘Talho da Esquina’, do chef Vítor Sobral - as novas colheitas de alguns dos seus vinhos, mas também as novidades, um tinto topo de gama e um porto muito velho, que acabaram por se destacar.

O novo topo de gama da Costa Boal vem do Douro, chama-se Homenagem e, como o próprio nome indica, trata-se de uma homenagem ao pai de António – Augusto Boal – viticultor e pequeno produtor do Douro. É um tinto Reserva da colheita de 2011, proveniente de uvas das vinhas de Cabêda. Tem Touriga Franca e Touriga Nacional da colheita de 2011, mas foi refrescado em 15% com dois vinhos varietais de 2017, Tinto Cão e Sousão. O vinho de base foi pisado a pé em lagares tradicionais de granito, com fermentação alcoólica em lagar durante 8 a 10 dias e temperatura controlada. O estágio realizou-se em barricas de carvalho francês durante 12 meses e restante tempo em cuba de inox.

Deste vinho foram produzidas apenas 3000 garrafas, cujo PVP é de 100 euros. Trata-se de um tinto denso, poderoso, complexo, com uma excelente acidez, sendo por isso muito gastronómico, embora com taninos ainda vincados a precisar de assentar. Mas é um grande vinho, de garra, que com um prato de carne com alguma gordura e  condimento, dará muito prazer a quem o beber. Dez por cento da receita de venda do Homenagem será doado por António Boal ao Centro Social de Vilar de Maçada, num gesto de solidariedade que vem ao encontro da tradição familiar de contribuir socialmente para o bem-estar na terra natal.

O Porto velho tem uma idade entre os 70 e os 100 anos. Foto: Luísa Ferreira.


Já o Costa Boal Very Old Port é um tesouro guardado durante sucessivas gerações na adega da família, na aldeia de Cabêda, Alijó. Um tawny muito velho que não tem registo escrito do seu percurso, mas é provável que esteja incluído em lotes de Vinhos de Feitoria, considerados os melhores do vinho fino do Douro, como ainda hoje é conhecido o vinho do Porto guardado pelos viticultores locais nas suas adegas. Sabe-se, no entanto, que este Porto agora engarrafado tem uma idade entre os 70 e os 100 anos. Produzido e envelhecido no Douro durante gerações, não foi refrescado há pelo menos três décadas. tem já aromas terciários, é poderoso, envolvente, com uma complexidade surpreendente, e uma doçura bem presente equilibrada por uma belíssima acidez. Deste Porto foram enchidas apenas 200 garrafas, à venda pelo PVP de 1240 euros

Quanto às novas colheitas, não deixaram de surpreender, destacando-se outros dois. O Palácio dos Távoras Gold Edition 2016 é outro topo de gama do produtor, elaborado a partir de uvas colhidas em parcela específica da vinha velha (50/60 anos) da Quinta dos Távoras, localizada em Mirandela, Trás-os-Montes. Nesta parcela, predominam as castas Touriga Nacional, Baga e Alicante Bouschet. O vinho fermentou a temperaturas controladas e estagiou durante 16 meses em barricas usadas de carvalho francês de Palaçoulo, tendo dado origem a apenas 1145 garrafas 0,75 l e 115 magnuns (PVP 90 euros). É um tinto igualmente poderoso, complexo, com uma frescura evidente, terminando muito persistente.

O Bastardo tinto 2018 tem um perfil menos extraído e mais elegante. Foto: Luísa Ferreira.


Em contrapartida ao poder deste vinho, o  Palácio dos Távoras Bastardo tinto 2018 tem um perfil oposto. Tem uma cor esbatida, é bem menos extraído, mas com uma estrutura e presença de boca complexa mas mais elegante. A Bastardo utilizada na produção deste tinto também é proveniente de vinhas velhas velha da Quinta dos Távoras, em Mirandela, Trás-os-Montes. Um vinho diferenciador que acompanha muito bem pratos leves e pouco calóricos. Deste vinho foram produzidas 1700 garrafas, cujo PVP é de 18 euros.