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Despido de pretensões

O novo Vicentino Pinot Noir Naked 2019 é um tinto elaborado com uma variedade francesa de difícil cultivo, que encontrou na costa atlântica um terroir de eleição. Um tinto que explora a genuinidade da casta, sem recurso a barricas.

Sabemos que a região da Borgonha produz alguns dos melhores vinhos da casta Pinot Noir, por isso, não é de espantar que muitos produtores a nível mundial a queiram nas suas vinhas. É uma casta difícil, sensível aos climas húmidos e frios, e difícil de vinificar, precisando de vigilância constante e de boa afinação técnica. No entanto, apesar das suas fragilidades e exigências, quando encontra as condições ideias para se desenvolver, é reconhecida mundialmente como uma das melhores castas para a produção de vinhos tintos apaixonantes. Não é por isso de estranhar que Ole Martin Siem, um empresário norueguês ligado ao comércio e exportação de frutas, que se estabeleceu em Portugal, na costa Vicentina, tenha optado também por plantar esta casta nas suas vinhas.

Ole Martin Siem já viajou muito pelo mundo mas foi em Portugal, no Brejão, perto da Zambueira do Mar, que se estabeleceu e se deixou fascinar pelos vinhos alentejanos. E ali, junto ao mar, recorrendo aos seus conhecimentos e experiência agrícolas, reconheceu as condições ideais para a produção vitícola.  Já lá vão mais de 30 anos e continua apaixonado pela região, pela sua costa vicentina, um lugar onde o mar e as escarpas se encontram num ecossistema único, e onde plantou as vinhas que deram origem à gama de vinhos Vicentino. Esta gama está divida em quatro (Poente, Nascente, Neblina e Luar). Com o lançamento deste novo tinto, a oferta fica ainda mais completa.

A sua versatilidade permite ao Vicentino Pinot Noir Naked 2019 ser bebido sozinho ou a acompanhar petiscos ou pratos descomplicados.
O enólogo Bernardo Cabral (à esquerda) com o empresário Ole Martin Siem


O Pinot Noir Naked 2019 foi elaborado com uvas provenientes de vinhas implantadas em solo argilo-xistoso, perto do mar, que amadureceram de forma lenta e equilibrada. Ali, os invernos são húmidos e os verões amenos, havendo uma constante neblina e ventos marítimos que contribuem para a expressão máxima do seu terroir. O Naked no nome, significa que vai nu, ou seja, é um tinto despido de pretensões, que explora a genuinidade da casta, e por isso, sem recurso ao estágio em barricas. De tonalidade vermelha e suave, como os bons Pinots geralmente são, no aroma é frutado, evidenciando-se notas de morangos, framboesas e cerejas. É também evidente uma nota de especiaria. Já no paladar revela toda a personalidade, sendo frutado, especiado, salino, descontraído mas consistente, com um corpo médio e  um final de boca agradável. A sua versatilidade permite-lhe ser bebido sozinho, mais fresco do que os tintos habituais, a 12 ou 14 graus (é mesmo muito agradável bebido fresquinho) ou acompanhar petiscos, uma refeição descomplicada, como por exemplo um belo churrasco, ou um prato de peixe mais gordo e condimentado.  

A enologia é assinada pelo enólogo e consultor de vinhos Bernardo Cabral, experiente em vinhos de influência atlântica.