Desvendar receitas ‘À Portuguesa’
O escritor e investigador gastronómico Virgílio Gomes lançou recentemente um livro que dá a conhecer receitas elaboradas ´À Portuguesa’, entre o período de 1604 e 1900. Uma obra fundamental para o entendimento desta denominação no estrangeiro.
Não é de hoje que Virgílio Gomes nos presentei com obras que marcam a diferença no panorama gastronómico nacional. Desta vez, o seu novo livro ‘À Portuguesa – Receitas em Livros Estrangeiros até 1900’ dá a conhecer um trabalho que realizou em 6 longos anos, uma pesquisa aprofundada em inúmeros livros que revelaram a forma como cozinheiros estrangeiros de outras épocas interpretaram o nosso país. E não é de estranhar que tenha demorado tanto tampo, afinal, a partir de 1900 o receituário gastronómico é bem maior e difuso do que nos séculos anteriores.
Assim, após cuidadosa investigação ao longo dos anos, Virgílio Gomes baseou o seu trabalho em 31 obras de cozinheiros estrangeiros, das quais retirou 118 receitas (37 de salgados e 81 de doçaria) explicando ao mesmo tempo o período temporal da cozinha ‘à portuguesa’ entre 1604 e 1900. De forma inteligente, apelando a uma linguagem facilmente percetível, abre caminhos a uma reflexão entre as receitas selecionadas e traduzidas, e a autenticidade e perceção de realidade culinária. Isto porque embora os cozinheiros estrangeiros revelem uma autenticidade portuguesa, a mesma é baseada não no conceito de tradição, mas sim no de criatividade, dando a conhecer a sua própria interpretação nas receitas.
Transmontano de gema nascido em Bragança, Virgílio Gomes é um conhecido gastronómico português, com vasta obra publicada, entre os quais ‘Tratado do Petisco e das Grandes Maravilhas da Cozinha Nacional’; ‘Doces da Nossa Vida’, ‘Dicionário Prático da Cozinha Portuguesa’, ‘Petiscos e Miudezas à Portuguesa’, ‘Petiscos do Rio e do Mar’, ‘Petiscos do Açúcar e de Mel’, entre outros. Dá aulas de história da alimentação, participa como orador em várias palestras e escreve regularmente no seu site www.virgiliogomes.com. É, ainda, investigador no projecto DIATA – Parimónio Alimentar da Lusofonia’.