
Dois tintos de respeito
Os enólogos Jorge Alves e o Celso Pereira associaram-se em 1999 para fundar o Quanta Terra, um projecto movido pela consciência de que o caráter do vinho é determinado pelo terroir onde é produzido. Juntos, iniciaram a produção de vinhos de qualidade superior. Assim nasceu este projecto no planalto de Alijó, no Douro Superior, a 650 metros de altitude e com solos de transição entre xisto e granito, o terroir certo para produzir vinhos mais frescos, com maior acidez.
Recentemente, fiz uma prova muito interessante que englobou o Quanta terra Grande Reserva branco 2017, o Quanta terra Grande Reserva tinto 2015, o Quanta Terra Manifesto tinto 2015 e o Quanta Terra Inteiro tinto 2008. Se destas novas colheitas lançadas, os dois primeiros (Quanta Terra Grande Reserva branco e tinto) são já vinhos de respeito, com boa complexidade e acidez, os outros dois (o Manisfesto e o Inteiro) destacam-se ainda mais, sendo dois topos de gama. O Manifesto é carnudo, volumoso, sofisticado e tem já os taninos mais elegantes, podendo beber-se já. O segundo é mais concentrado, taninoso, um grande vinho de grande estrutura. Costuma dizer-se que nestes casos, é preciso esperar pelo vinho mais uns anos, para que o mesmo fique mais macio. Mas eu arrisco dizer que com a comida certa (tipo um cabrito assado no forno com cebola e alho, regado a azeite) a coisa resolve-se já e retiramos desta combinação um belo prazer. Afinal, a comida salgada e mais estruturada aguenta vinhos com taninos mais ‘agressivos’, actuando como neutralizador e por isso tornando-os mais ricos e macios. Por isso arrisque e petisque.

