Ela voltou
Sim, a chefe Ana Moura está de regresso, depois de algum tempo ‘desaparecida em combate’ e agora num novo projecto que vale a pena conhecer: a ‘Bacalhoaria Moderna’. Não só pela comida, saborosa e criativa, mas também pelo serviço de vinhos, que é bem feito e atento aos pormenores.
Vamos por partes. A Susana Almeida e Sousa (na foto, à esquerda) é arquitecta, mas sempre gostou das lides culinárias, de cozinhar para os amigos e para a família, de descobrir novos sabores, de escolher a comida certa para as diferentes ocasiões. Por essa razão, decidiu avançar no sonho de lançar-se na área da hotelaria e começou por ter um pequeno espaço no mercado da Ribeira, em Lisboa. No entanto, pouco tempo depois, percebeu que queria ir mais longe e decidiu abrir um restaurante à séria, daí ter convidado a jovem chefe Ana Moura para a cozinha do seu novo espaço que abriu no passado dia 1 de Fevereiro, na Rua de São Sebastião da Pedreira, nº 150, em Lisboa.
Mal se entra no espaço percebe-se que foi remodelado e decorado a preceito. A parede azul encontra-se repleta de bacalhaus de loiça Bordallo Pinheiro. Os tectos e cordas pendurados no tecto complementam uma decoração que homenageia o mar e a pesca. No menu, já se sabe, o bacalhau é rei, presente em quase todos os pratos, das entradas aos pratos principais, vindo directamente da Islândia com cura portuguesa. A alternativa ao peixe são dois pratos de carne e dois vegetarianos.
Para idealizar o menu, Ana Moura inspirou-se na sua experiência profissional que passa por sabores portugueses e bascos. Estagiou no Eleven, em Lisboa, antes de se mudar para Espanha onde adquiriu a maior estaleca no restaurante de Arzak, em San Sebastian (3 estrelas Michelin). De regresso a Portugal foi trabalhar para a Cave 23, no Torel Palace Hotel, onde ficou cerca de dois anos até abraçar este novo projecto.
Nesta ida à Bacalhoaria Moderna tive a sorte de fazer uma degustação onde pude provar de tudo um pouco. Comecei por duas entradas: a primeira um Tártaro de Bacalhau com vinagrete de mostarda; e a segunda, vegetariana, à base de legumes, com Alcachofra, couves de bruxelas, espargo branco e cogumelos com sementes caramelizadas. Nos pratos brilhou o Bacalhau à Brás; o Bacalhau assado com couve, chalotas e molho de galinha assada e, finalmente, o Leitão confitado a baixa temperatura durante 20 horas. Nas sobremesas, a Tarde de queijo com toffe e nozes caramelizadas; a Torta de laranja com sabayon de moscatel, e a Mousse de Chocolate com brownie de chocolate branco. A complementar isto tudo, os vinhos: o Valle Pradinhos branco 2107 para as entradas; o Oenólogo tinto 2014 para os pratos principais; e o Graham’s 20 anos para as sobremesas. De evidenciar o serviço, com copos apropriados e temperatura de serviço correcta; e a própria carta de vinhos, não muito extensa mas com escolhas interessantes que abrangem quase todas as regiões nacionais.
No meio disto tudo, a Susana de Almeida Sousa e a Ana Moura estão de parabéns. A Susana por querer e estar a fazer bem, com pormenores de serviço que só valorizam o seu restaurante, e a Ana Moura pelo seu regresso, que permite novamente aos gastrónomos saborear a sua comida, sempre tão bem apresentada, confeccionada no ponto, e tão plena de sabores.