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Fazer o que lhe apetece

Depois de passar anos a fio a fazer vinhos dos outros, Osvaldo Amado restruturou a sua vida para ter mais tempo de produzir os seus. A seu bel-prazer e ao sabor da sua criatividade.

Não é que ele não goste de fazer vinhos para os outros. Sempre foi a sua vida, na profissão que abraçou e à qual se dedica com paixão. Mas a verdade é que há muito que Osvaldo Amado queria produzir vinhos diferentes, de grande qualidade, sem a pressão comercial que sempre existe junto da maioria dos produtores. Assim, para ter tempo para se dedicar à sua nova empresa, a Total Wines – Vinhos de Portugal, mantêm-se apenas em dois produtores (a Global Wines e a Adega Cantanhede) abandonando de vez as consultorias que complementavam os seus serviços fixos de enologia.

A partir de agora, a ideia é lançar através da sua empresa vinhos de excepção, alguns já pensados e produzidos há anos, e outros que virão a ser, sejam eles de que estilo forem, mais clássicos ou modernos, mas sempre destacados pela sua originalidade, raridade e qualidade, sempre em edições limitadas. Assim nasce a marca Raríssimo by Osvaldo Amado, sendo o primeiro vinho lançado um espumante Extra Bruto Blanc des Blancs de 2006, DOC Bairrada, com 100% de Arinto, casta pela qual sempre foi apaixonado. «A Arinto é uma das mais completas e versáteis castas nacionais, e até mesmo internacionais. Tem uma grande frescura, um excelente potencial de envelhecimento e, para mim, é na Bairrada que ela tem o seu melhor perfil, mais afinado, de eleição», revela Osvaldo Amado.

Tudo neste vinho é especial. Desde o método de produção, à idade e a forma como evoluiu. Até o bonito e luxuoso estojo que protege a garrafa, com rótulo desenhado pela M&A Creative Agency. As uvas deste espumante foram desengaçadas totalmente, seguidas de suave prensagem pneumática, aproveitando-se apenas 40% do sumo da uva «É o creme de la creme» revela o enólogo, explicando ainda que o vinho fermentou depois 50% em barrica de segundo uso. Finalmente, estagiou onze anos em garrafa sur lie e, passados 12 meses, fez-se o dégorgement.

Fotografias: M&A Creative


Um espumante ainda com muito para dar. Na prova tem bolha muito fina e persistente. O aroma é complexo e intenso, perfil que mantém na boca, com mousse crocante, boa acidez, elegante e persistente. A produção foi limitada a 1500 garrafas, que serão distribuídas pela Vinalda a um preço recomendado de venda ao público de 95 euros. No início do próximo ano serão ainda lançados outros vinhos, também eles raros e de grande qualidade: o Raríssimo By Osvaldo Amado DOC Dão tinto 2001, o DOC Bairrada branco 2015, o DOC Dão branco 2011 e o Clarete Clássico DOC Dão 2013. «Foram vinhos que tenho vindo a idealizar ao longo do tempo e que me deram um imenso prazer fazer, sem pressas. E outros virão, com a mesma filosofia», remata o enólogo.

Osvaldo Amado é um dos melhores enólogos portugueses da actualidade. Natural de Angola, faz vinhos há 39 anos. Com um extenso curriculum na produção de vinhos, tem um conhecimento profundo de quase todas as regiões vitivinícolas portuguesas, e não só. Além da Bairrada, Dão, Douro, Alentejo, Vinho Verde, Osvaldo Amado também tem experiência em países como Brasil, Espanha, Itália e África do Sul. No total, já produziu mais de 600 milhões de garrafas, acumulando mais de 1100 prémios, entre Medalhas de Ouro e Prata, a nível nacional e internacional, sem falar nas mais diversas distinções profissionais, entre as quais a eleição de TOP Winemaker no Concurso ‘Wine Master Challenge’,  Enólogo do Ano pela Revista de Vinhos ou Enólogo de Mérito pela revista Paixão Pelo Vinho.

No seu percurso profissional passou pelas Caves Messias, Caves Primavera, Adega de Mealhada, Quinta do Cerrado, Grupo Enoport e Adega de Cantanhede, foi enólogo consultor na Quinta do Ortigão, Quinta dos Abibes, Quinta da Rede e Casa de Cambres, entre outras, antes de ter abraçado o projeto Global Wines onde ainda hoje diretor de enologia do Grupo, assim como na Adega de Cantanhede.