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Guanajuato foi palco do Concours Mondial de Bruxelles

Concursos de vinhos há muitos, mas o Concours Mondial de Bruxelles é um dos mais antigos e reconhecidos a nível internacional. Como o próprio nome indica, nasceu em Bruxelas há mais de 30 anos, mas começou a ganhar projeção, e saiu da sua cidade natal para viajar pelo mundo. Este ano, e pela primeira, vez a edição realizou-se no continente americano, na cidade de Leon, no estado de Guanajuato, no  México. Durante 3 dias, 350 especialistas de 45 nacionalidades provaram às cegas 7.500 vinhos tintos e brancos de 42 países. Para o ano será na China!

Regionais, nacionais ou internacionais, todos os concursos do sector têm o objectivo de medalhar os melhores vinhos em prova. No entanto, ‘aguentar’ tantos anos um concurso de forma credível e consistente não é tarefa fácil.

O CMB nasceu em Bruxellas mas só nos primeiros anos se realizou por lá, porque entretanto ganhou dimensão internacional, sendo hoje um dos mais prestigiados concursos do mundo. Na verdade, será provavelmente o mais importante, pois a quantidade de vinhos envolvida obrigou a organização a dividir o evento por outras sessões. A de brancos e tintos é a maior e a mais prestigiada (a de Guanajuato, que se realizou agora no início de Junho), seguindo-se a sessão de vinhos 100% Sauvignon Blanc (na África do Sul), a de vinhos rosé (este ano, na Dalmácia); a de espumantes (que se realizará em Alghero); e a de doces e fortificados (na Bélgica).

Passados tantos anos, a maior sessão do CMB realizou-se pela primeira vez na sua história  no continente americano, na cidade de Leon, no Estado de Guanajuato, no México. «O CMB é um indicador das tendências de mercado, e há já alguns anos identificámos o potencial do México enquanto produtor de vinho. A sua rápida evolução do panorama vitivinícola demonstrou que tínhamos razão, o que é um verdadeiro motivo de orgulho. Atualmente, o país possui uma grande variedade de castas e centenas de produtores de qualidade que se destacam a nível internacional e, nomeadamente, no CMB. Do especialista em vinhos ao amador curioso, é inegável que os vinhos mexicanos estão a mostrar o que valem e merecem a atenção de todos! Em Guanajuato, mais do que nunca, o vinho é parte integrante do turismo, e o CMB apresentou aos seus 350 jurados oriundos de vários países do mundo os trunfos de uma região vitivinícola que combina paisagens magníficas, gastronomia e vinhos de qualidade. Estes jurados tornaram-se sem dúvida os novos embaixadores de uma região que vale verdadeiramente a pena visitar!», afirma Baudouin Havaux, presidente do CMB.

Na 31ª edição do CMB os vinhos foram provados por 350 especialistas de 45 nacionalidades.
7500 vinhos de 42 países foram servidos às cegas pelos alunos da escola de hotelaria local. Em baixo, o Presidente do CMB, Baudouin Havaux, durante o discurso inicial.
No back office (em baixo) todos os vinhos seguem para a mesa tapados para a prova cega.



Carlos Borboa Suárez, diretor para a América Latina e América do Norte do Concours Mondial de Bruxelles, acrescentou: «Foi um grande orgulho coordenar a organização deste concurso aqui no México. É uma grande conquista para Guanajuato e para todo o México, que também reafirma o lugar que tem hoje na mais alta esfera do mundo do vinho!».

Situado no coração do México, Guanajuato possui um rico património vinícola que remonta à era colonial. Os conquistadores e missionários espanhóis introduziram as primeiras vinhas europeias, que foram plantadas a partir da atual Cidade do México para norte, passando por Guanajuato. As condições agroclimáticas únicas da região contribuíram para o carácter dos seus vinhos, que hoje são produzidos maioritariamente nos municípios de Dolores Hidalgo, San Miguel de Allende, San Felipe, San Francisco del Rincon, Guanajuato, Leon, Salvatierra, Comonfort e San Diego de la Union.

Dolores Hidalgo, cidade localizada no Valle de la Independencia, tem um dos dois museus do Vinho mais importantes do México, onde se pode descobrir a história e o processo de produção de vinho da região. Além disso, Guanajuato já acolheu vários eventos internacionais importantes relacionados com o vinho, como o México Selection by CMB em 2017 e 2021, e o Festival da Colheita em Guanajuato Tierra de Vinos, que se realiza todos os anos. Não é por isso de estranhar que a região se tenha tornado num dos principais destinos no segmento do vinho em todo o México e América do Norte.

O clima de Guanajuato oferece condições favoráveis para o cultivo da uva, graças às bacias e rios existentes neste estado, o que permite que as suas sub-regiões tenham uma personalidade única. A produção de vinhos são dignos da criatividade gastronómica local e uma inspiração para alguns produtores.

Hoje, o Estado de Guanajuato ocupa o 5º lugar a nível nacional em extensão de vinhas, com 485 hectares plantados, e mais 100 que estão a ser agora plantados, o que representa 4,5% da área nacional destinada à produção de vinhos de qualidade. É também o 5º produtor nacional de uva e ocupa o 4º lugar nacional na produção de vinho. Possui 46 projetos vitivinícolas, 34 adegas que compõem a Associação Uva e Vinho de Guanajuato, e 25 projetos de enoturismo.

Guanajuato possui 46 projetos vitivinícolas, 34 adegas que compõem a Associação Uva e Vinho de Guanajuato, e 25 projetos de enoturismo.



Todos os anos Guanajuato produz mais de 1.240.000 litros de vinho com as variedades internacionais Cabernet Sauvugnon, Merlot, Syrah, Malbec, Cabernet Franc, Tempranillo, Nebbiolo, Sémillon, Chardonnay e Sauvignon Blanc.



Em 2025 Será na China

A maior região vinícola da China, em Ningxia, cidade de YinChuan, foi selecionada para acolher a 32ª edição do Concours Mondial de Bruxelles, na sua maior sessão, de brancos e tintos, em junho de 2025. Esta é a segunda vez que o Concours Mondial de Bruxelles se realiza na China.

A iniciativa foi anunciada durante a última sessão de prova do CMB, que contou com a presença de uma delegação do governo da cidade de Yinchuan. «7 anos após o CMB 2018 em Haidian, Pequim, o Concours Mondial de Bruxelles regressa à China e viaja pela primeira vez para Yinchuan, uma região situada a norte da Grande Muralha. Estamos ansiosos por este regresso à China após uma edição de 2018 particularmente bem-sucedida», disse Baudouin Havaux, presidente do CMB. «A região vitícola do sopé da montanha Helan, em Ningxia, é reconhecida como uma das melhores para a cultura da vinha. Situada entre 37° e 39° de latitude norte, com a barreira da montanha Helan a oeste e o rio Amarelo a este, a região oferece um enquadramento geográfico ideal. Tive a sorte de visitar esta região mais de dez vezes e, em 2023, publiquei um livro em quatro línguas intitulado ‘Viagem pelas vinhas de Ningxia’. Por isso, espero sinceramente que, no futuro, mais pessoas em todo o mundo venham a conhecer e a adorar os vinhos de Ningxia» rematou Havaux.

Já Li Quancai, vice-presidente de Yinchuan afirmou: «O vinho é a língua do mundo, o mensageiro da cultura e o fruto da arte. O Concours Mondial de Bruxelles 2025 aderirá sempre ao espírito da Rota da Seda, de paz, cooperação, abertura e inclusão, aprendizagem mútua e benefício mútuo. Tudo em colaboração com todas as regiões vinícolas internacionais e nacionais para construir uma ponte de amizade, intercâmbio e cooperação. Juntos, abriremos um novo capítulo no desenvolvimento da indústria vinícola chinesa, colocando as nossas cores firmemente no mapa mundial do vinho».

Li Quancai, vice-presidente de Yinchuan (ao centro, a cumprimentar o Governador de Guanajuato), afirmou: «O vinho é a língua do mundo, o mensageiro da cultura e o fruto da arte.


Yinchuan, situada no centro da China continental, é a capital da região autónoma de Ningxia Hui. É uma cidade-chave na iniciativa ‘Belt and Road’ e uma importante janela de abertura da China ao Ocidente. Graças às condições geográficas únicas do sopé da montanha Helan, Yinchuan tem-se concentrado na melhoria das infraestruturas da região vitivinícola, na inovação da cadeia de valor, no desenvolvimento integrado do turismo cultural e na promoção das suas marcas. A indústria vinícola está a progredir rapidamente nesta região, e os resultados da construção do objetivo ‘Capital Mundial do Vinho’ começam a dar frutos.

A região vinícola no sopé das montanhas Helan está situada a uma altitude superior a 1000 metros, com sol abundante, pouca precipitação (200 mm por ano) e irrigação fornecida pelo rio Amarelo. O solo bem drenado e rico em pedras proporciona as condições ideais para a viticultura.

Com uma superfície de 18.000 hectares de vinhas, 72 propriedades vitícolas, uma produção anual de 75 milhões de garrafas de vinho e um valor total de quase 4 mil milhões de euros, a região vinícola no sopé das montanhas Helan é um cartão de visita de prestígio. As castas tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Gernischt, Syrah, Marselan, entre outras internacionais, oferecem vinhos com aromas frutados, taninos maduros e cheios, uma estrutura arredondada e uma acidez equilibrada. Entre as castas brancas, destacam-se a Chardonnay e a Riesling, com caracter mais mineral.

Os resultados do Concours 2024 serão publicados em www.concoursmondial.com no dia 19 de junho.