Hexagon regressa na colheita de 2017, mais um ano de excelência

A José Maria da Fonseca, histórico produtor de Azeitão com quase dois séculos de existência, apresentou a nova colheita de 2017 do Hexagon, o seu vinho de topo. Este tinto, criado apenas nos melhores anos por Domingos Soares Franco, da sexta geração da família, revela as seis castas que o compõem traduzidas num legado familiar perpetuado em cada novo lançamento.
A história do Hexagon, um dos vinhos mais emblemáticos da José Maria da Fonseca, remonta a 1980, quando António Soares Franco, atual CEO da empresa, desafiou o irmão Domingos Soares Franco, então jovem enólogo, a criar um vinho especial, capaz de se destacar pela sua qualidade e caráter. A resposta de Domingos foi clara: «Dá-me tempo». Foram precisos vinte anos para que o enólogo fosse ter com o irmão com o tinto prometido: «É este o vinho que querias?» perguntou, bem disposto de garrafa na mão! Nascia, assim, em 2000, o Hexagon, um vinho com um nome que simboliza a união da família e a dedicação da empresa: «Seis lados, Seis castas, Seis gerações».
Desde o início, o objetivo foi criar um vinho de perfil internacional, elegante e equilibrado, mas que também honrasse as raízes portuguesas. «Com este vinho cheguei exatamente onde queria, alcançar elegância, subtileza e irreverência, a minha irreverência. É isto que eu esperava deste vinho e está lá», afirma Domingos Soares Franco, que procurou sempre um equilíbrio delicado entre tradição e modernidade. Elaborado a partir de seis castas – Touriga Franca (30%), Touriga Nacional (20%), Syrah (20%), Trincadeira (14%), Tinto Cão (10%) e Tannat (6%) – o Hexagon reflete a diversidade do terroir e a expertise na seleção das melhores variedades.

O processo de produção do Hexagon é meticuloso. As uvas são pisadas em lagar e fermentadas a 27ºC por cerca de seis dias, com a fermentação alcoólica a terminar em barricas de carvalho francês. «Usamos cada vez menos madeira. A madeira deve ser um suporte ao vinho, e não o contrário. Estamos focados em subtileza e elegância, então optamos por menos extração de sabores da madeira», explica o enólogo. «O estágio acontece em barricas de carvalho francês e faz-se por uma questão de equilíbrio, sendo o seu único objetivo intensificar o corpo e a textura do vinho sem sobrecarregá-lo. A fermentação e estágio final em meias pipas novas de carvalho francês durante oito meses garantem taninos bem integrados e uma textura refinada». O resultado, percebido pela prova, é um tinto que combina a modernidade das técnicas vitivinícolas com o respeito pelo terroir.
A colheita de 2017, engarrafada em 2019, é limitada a uma produção de 8.500 litros. Apresenta uma cor vermelho-escura e aromas complexos, com notas de mirtilos, violeta, ameixa preta, trufa e um toque subtil de madeira. No paladar, revela-se frutado, elegante e envolvente, com taninos suaves e um final de boca longo, onde a acidez do Tinto Cão e do Tannat traz frescura e vivacidade. «A percentagem das castas no vinho depende muito de como se comportam na vinha, e isso varia de ano para ano. Não estamos presos a percentagens fixas; tudo depende do que cada uma oferece em cada colheita», explica Domingos, mostrando como a adaptação à natureza e às suas mudanças é uma parte essencial da criação do Hexagon.
Durante o evento de lançamento da colheita de 2017, na Quinta da Bassaqueira, em Azeitão, o enólogo destacou ainda a sua paixão pela Touriga Franca. «Tenho uma paixão pela Touriga Francesa. Sei que o nome que agora é correto é Touriga Franca, mas para mim será sempre Francesa, é para mim a casta mais fascinante», afirmou, bem disposto, embora tenha sublinhado que «o equilíbrio do vinho vem da combinação desta casta com outras, como a indispensável Touriga Nacional».

