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Hexagon tinto, celebração de um ícone

A primeira colheita de Hexagon foi lançada em 2000 pela José Maria da Fonseca, tendo nascido com o intuito de produzir um vinho de classe mundial produzido a partir da Península de Setúbal. Já lá vão 20 anos.

Quando em 1980 Domingos Soares Franco (à direita, na foto) foi desafiado pelo irmão, António Soares Franco (actual CEO da empresa familiar, José Maria da Fonseca, à esquerda na foto) para fazer um vinho especial, um topo de gama que marcasse a diferença, o jovem enólogo disse-lhe: «Dá-me mais vinte anos para pensar o que vou fazer». Um vinho daquela envergadura pedia reflexão e maturidade. Depois de muitas experiências realizadas, e vinte anos passados, Domingos chegou finalmente ao pé do irmão com uma garrafa na mão e disse-lhe: «É este o vinho que querias?». Assim nasceu o Hexagon, um tinto de alta qualidade, cujo nome representa simbolicamente ‘Seis Lados, Seis Castas, Seis Gerações’.

Segundo Domingos Soares Franco, as experiências para fazer este vinho foram inúmeras «Tentei fazer este vinho com oito castas, depois com sete, mas não conseguia chegar ao resultado que queria. Acabei por conseguir encontrar o equilíbrio com seis castas e ainda testei diversos tipos de barricas de carvalho francês», explicou o enólogo. O objectivo em produzir este vinho foi exactamente reflectir «o trabalho realizado na vinha e na adega, e alcançar um perfil internacional, de grande frescura, elegância, equilíbrio e grande potencial de envelhecimento».



O Hexagon foi produzido com as castas Touriga Nacional (25,3%) | Touriga Franca (13,8% | Tinto Cão (22,1%) | Trincadeira (9,7%) | Syrah (19,4%) | Tannat (9,7%), e assim se mantém desde a primeira colheita, variando apenas nas percentagens das castas de ano para ano.  Sendo um vinho de alta qualidade, sai apenas nos melhores anos, até agora nas colheitas de 2000, 2003, 2005, 2009, 2014, e agora, o 2015). Na colheita de 2015, as uvas foram pisadas num lagar em inox, onde fermentaram a 27ºC durante mais ou menos seis dias. Nos cascos de carvalho, o vinho permaneceu em borras finas durante três meses. Durante este período foi feita bâtonnage. A seguir à primeira trasfega, o vinho regressou aos mesmos cascos. No final deste estágio, foi efectuada mais uma trasfega seguindo-se de imediato o engarrafamento, sem filtração ou estabilização. Por último, o vinho estagiou em meias pipas novas de carvalho francês novas, durante dez meses, tendo sido engarrafado em 2019.

De cor vermelha densa e carregada, é um tinto de aroma a frutos vermelhos, violeta e notas de chá preto e tabaco a complementar. Madeira muito bem integrada, tanto no aroma como no paladar de grande complexidade e frescura. Envolvente e com longo final de boca.
 



Durante o evento de lançamento do Hexagon 2015, realizado na sede da empresa, a Casa Museu José Maria da Fonseca, em Vila Nogueira de Azeitão, Domingos Soares Franco revelou ainda que 2017 será a próxima colheita a ser lançada, mas ainda está à espera de atingir o seu máximo equilíbrio. Vale a pena ser paciente.