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Homenagem eterna

A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo lançou recentemente o AETERNUS, um vinho raro e especial que homenageia o empresário Américo Amorim e assinala ao mesmo tempo a comemoração dos 20 anos da família no negócio do vinho.

Américo Amorim, aquele que foi o homem mais rico de Portugal, foi também o único português no 'ranking' 2016 dos 500 mais ricos da revista Forbes, com uma fortuna avaliada em mais de 4.000 milhões de euros. Empresário de mão cheia, empreendedor, actuou em sectores tão diversos como a cortiça, a banca, a energia, o turismo e o vinho.  Foi, acima de tudo, um homem com uma enorme energia, vivacidade e inteligência, que na família tinha o seu porto de abrigo. É em homenagem a este homem que agora é lançado este vinho poderoso - AETERNUS – produzido com uvas oriundas da propriedade familiar, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, por si adquirida em 1999. 

Foi na Fundação Albertina Ferreira de Amorim, em Santa Maria da Feira, lugar onde nasceu e cresceu, e lugar onde ainda hoje a família se reúne para passar o Natal, que Luísa Amorim - filha de Américo Amorim e responsável pelos negócios familiares no sector dos vinhos – recebeu vários convidados para o lançamento deste vinho especial.  

O lançamento do vinho decorreu na Fundação Albertina Ferreira de Amorim.
Fotos : Mariana Abreu


No ano em que celebra os vinte anos da Quinta Nova nas mãos da família, Luísa Amorim proferiu um discurso emotivo sobre o pai, traçando não só o seu percurso profissional mas também a sua personalidade e o amor que sentia pela família, facto que os levou a querer lançar este vinho da colheita de 2017, ano seu falecimento. «Quando falava sobre ele próprio, brincava com a eternidade e dizia que queria durar até aos 100 anos.  Fazia sempre o que pensava… e ainda recentemente numa entrevista dizia que fazia o que gostava, e como isso lhe dava imenso prazer, ia continuar. Achava que ainda havia muito para fazer», afirmou Luísa amorim no seu emotivo discurso. Assim nasceu a ideia de fazer este vinho.  

Apaixonado pelo Douro, pelos socalcos da vinha centenária e pelos quilómetros de muros de xisto que enriqueceram a região ao longo dos tempos, Américo Amorim rapidamente encontrou na beleza da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo a concretização de um sonho antigo. Em 1999 adquiriu a propriedade, marcando oficialmente a entrada da família Amorim no negócio de produção de vinho de elevada qualidade. Vinte anos passados, o projeto é uma referência incontornável na história dos vinhos portugueses. No ano passado, a família Amorim avançou também com a compra da Quinta de Taboadella, no Dão, passando a atuar em duas regiões clássicas de enorme potencial e futuro. O lançamento oficial está agendado para 2020.

Um vinho marcante

O ano de 2017 foi um ano extremamente seco e quente, onde a evolução das condições climáticas teve como consequência o adiantamento significativo do ciclo vegetativo, fazendo com que a vindima tenha sido uma das mais precoces de que há memória. A ausência prolongada de chuva e a as temperaturas elevadas até junho tiveram grande impacto nas vinhas, levando a perda de produção, nomeadamente pela desidratação ocorrida nos cachos, conduzindo a um aumento da concentração.

Com a Natureza a mostrar toda a sua imprevisibilidade, foi preciso convocar a larga experiência da equipa de enologia e viticultura da Quinta Nova, liderada pela dupla Jorge Alves e Ana Mota (enólogo e viticultora) que, no momento certo, soube intervir e fazer frente a uma das vindimas mais difíceis de sempre. No entanto, o resultado foi surpreendente, a começar pelo Aeternus, um vinho apaixonante, de enorme concentração, complexidade, com excelente frescura e persistência.

Luísa Amorim (à esq), o enólogo Jorge Alves e a viticultora Ana Mota. Foto: Mariana Abreu


O AETERNUS é proveniente da melhor vinha centenária da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, plantada em sólidas rochas de xisto ao longo de cerca de 2,5 hectares, com uma produção média de apenas 0,4 kg por planta. Ele expressa com fidelidade o terroir distinto da região, combinando a robustez das castas indígenas com a perseverança humana, numa afirmação do perfil clássico do Douro, da sofisticação do seu carácter e de longevidade, tal como a marcante história e percurso do homem que o inspira. A produção deste vinho resume-se às 3.566 mil garrafas, e só será lançado em anos de excelência. O PVP recomendando é de 140€.