Inês Maria Meneses – Bebe com ela

É uma voz inconfundível e uma exímia conversadora, quer na rádio ou na televisão. Mas desta vez a conversa não foi nos estúdios, mas sim ao redor da mesa, a saborear um belo copo de vinho.
Nasceu em Lisboa mas passou a infância no norte, no Mindelo (Vila do Conde), facto que lhe permitiu alimentar-se de produtos frescos durante todo o ano. «Esta tendência dos chefes irem buscar os produtos frescos à horta, eu sempre tive. Os meus pais iam buscar tudo à horta, incluindo vegetais que não eram muito comuns na altura. Devemos ter sido os primeiros a ter rúcula no Mindelo. Depois, as carnes vinham todas do quintal, as galinhas, os coelhos... e o peixe fresco, mesmo ali da praia ao lado». Talvez por essa razão Inês Maria Meneses tenha uma enorme sensibilidade aos aromas e aos sabores, especialmente aqueles que a fazem recordar a infância. «na altura nunca damos valor, mas hoje sinto-me uma privilegiada de ter crescido neste ambiente rural», diz ela.
Um dos seus pratos preferidos é o arroz: o de marisco é o de eleição, mas menciona também o arroz de tomate com jaquinzinhos, risotos e outros tantos arrozes que fazem a sua perdição. Prefere o peixe, «porque é mais leve», por isso raras vezes come carne. Há ainda um petisco especial feito pelo pai, «pimentos cozinhados com vinho, colocados depois num pote de barro, de onde se vai comendo», que também lhe deliciam o paladar. Não é por isso de estranhar que, logo após ter começado a trabalhar, aos 16 anos, gastasse parte do ordenado com comida. «gostava imenso de ir jantar fora com os amigos, preferia comprar comida a roupa. Ainda faço isso!». Hoje, já mãe de uma filha de 7 anos, tenta passar-lhe o o prazer da comida e da descoberta de novos sabores. «Ela come bem e, curiosamente, adora saladas, o que não é muito usual em crianças»! O vinho, não se recorda quando o começou a apreciar. Recorda-se sim do ritual que o pai fazia após provar um bom vinho: «bebia um pouco e, no final, dava um estalido com a boca e dizia: Valente! Formidável! Era muito engraçado». O verdadeiro gosto pelo vinho terá iniciado tarde, «com a maturidade», talvez a partir dos 30, altura em que passou também a ir mais vezes comprar tintos, os seus preferidos. «Não sou muito de brancos, são um pouco ácidos, prefiro a envolvência dos tintos», explica. Uma coisa é certa: esforçou-se por recuperar o tempo perdido. Bebe vinho todos os dias às refeições e não perdoa quando os amigos lhe levam vinhos banais quando lá vão a casa. Não é daquelas que aposta no valor seguro. Gosta de provar novos vinhos mas confessa que não é tão arriscada nas regiões. «Gosto muito do Douro, também bebo Alentejo e, mais recentemente, tenho andado a descobrir o Dão».
O seu gosto pela comida e pelos vinhos levou-a ainda a escrever sobre restaurantes, com marca de humor, para a revista Sábado. «Foi uma boa experiência, fiquei a conhecer vários restaurantes. E comecei a entender melhor a alta cozinha quando fui pela primeira vez ao Belcanto, aí percebi que estava a entrar noutro nível». Percebeu também o que são vinhos especiais, quando um certo dia lhe deram um ‘Barca Velha’. «Guardei-o à espera de um acontecimento especial mas, como estava a demorar a chegar, um dia não resisti e bebi-o. Fiz bem, foi uma experiência única!». Fez mesmo bem, afinal, a vida é demasiado incerta e curta para não se apreciar um bom vinho.
BIOGRAFIA
Começou a fazer rádio aos 16 anos que, a par com a escrita, são as suas paixões. Passou pela rádio Nova Era e, a convite de José Alberto Carvalho, foi trabalhar para a TSF do Porto, e mais tarde em Lisboa, onde acabou por ficar doze anos. Simultaneamente, trabalhou ainda na XFM e apresentou o ‘Onda Curta’, um programa de curtas-metragens na RTP2.
A sua voz foi-se multiplicando por outros trabalhos: foi a voz da SIC Mulher, onde também fez parte do programa ‘Prazer dos Diabos’. Em televisão dá a ainda a voz a documentários e fez parte do grupo de entrevistadores do programa semanal ‘Tanto para Conversar’, na RTP2. Fez também parte do painel do programa Irritações, na Sic Radical, aonde regressou agora com o seu programa ‘Fala com Ela’, que ao fim de 13 anos no ar, na Radar, conheceu formato televisivo. (Repete na Sic Mulher e na Sic Notícias).
Na Radar faz ainda emissão diária todas as manhãs, e com Pedro Mexia, o PBX em parceria com o Expresso. Mantém no Expresso a sua página “10 Perguntas” desde 2015.
Na Antena 1 faz com Julio Machado Vaz o programa, ‘O Amor é’ há 11 anos (em livro editado recentemente). Escreveu na imprensa, sob pseudónimo, “O Sexo e a Cidália”. Na revista Sábado fez crítica a restaurantes.
