Já te disse… são bons!

Já te disse é o nome de uma marca de vinhos de edição limitadíssima, provenientes de apenas 1 hectare de vinha situada a poucos quilómetros de Estremoz. Para o produtor Pedro Patrício, a aposta será sempre na qualidade e não na quantidade.

Já Te Disse é o nome de uma marca de vinho alentejano, lançada pelo gestor hospitalar e produtor Pedro Patrício, que há uns anos, com o irmão Rui, decidiu comprar uma propriedade em São Lourenço de Mamporcão, a oito quilómetros de Estremoz, para juntar as respetivas famílias ao fim de semana. Apaixonado por vinhos, em 2016, decidiu avançar com a plantação de uma pequena vinha com as castas Alicante Bouschet, Syrah e Petit Verdot para produzir os seus primeiros vinhos. As primeiras 2800 garrafas, da vindima de 2019, foram lançadas o ano passado; e a produção de 2020, a estagiar em barricas de carvalho francês, deverá ser lançada em Março de 2022, não devendo ultrapassar as 4500 garrafas.

Além do tinto, existe ainda um branco da casta Viognier, da colheita de 2020; fermentado apenas em inox. 3600 garrafas elaboradas com uvas compradas a um produtor local; provenientes de uma vinha com cerca de 15 anos, plantada em solo argilo-calcário situada na zona de Estremoz.  De aroma frutado e floral, é seco e complexo no paladar, fresco e citrino, com boa persistência.  Nos planos está ainda lançar um rosé, também de edição única, da colheita de 2021. Os vinhos são assinados por Joachim Roque, enólogo luso-francês que acumulou experiência em regiões como Bordéus, Napa Valley e também Alentejo.

De repente, o que era apenas um hobby, passou a ser um negócio que Pedro Patrício está decidido a continuar. Afinal, a venda da primeira colheita do tinto correu muito bem, vendido na loja-online do site do produtor ou em alguns restaurantes de referência em Lisboa, Cascais, Comporta, Santarém e Estremoz. Algumas garrafas também já foram vendidas a clientes estrangeiros, mas ainda em pequenas quantidades. Mas apesar da procura, para Pedro Patrício a qualidade dos vinhos está em primeiro lugar, e tem de ser excepcional. Se assim não for, prefere não lançar, já que quer habituar os seus clientes aos melhores vinhos que as uvas podem dar.

Na sua propriedade, as uvas são tratadas com todos os ‘mimos’. Ou seja, na vinha só são aproveitados as melhores uvas (faz-se monda de cachos) de forma a intensificar a concentração dos bagos.  Depois, a vindima é feita manualmente e de madrugada, de forma a que os cachos cheguem à adega sem perder a sua frescura. A pisa a pé é feita em lagar, separadamente, e só depois feito o blend. Para que os enófilos bebam os vinhos nas melhores condições, foi ainda decidido que 30% a 40% da produção de cada ano será sempre guardada para venda posterior, já que esse tempo em garrafa vai melhorá-lo ainda mais. A prova deste vinho relevou fruta preta madura, cacau e especiarias, complementado com algum balsâmico e notas suaves da barrica onde estagiou. Na boca apresenta é envolvente, poderoso mas elegante, com boa acidez e final de boca prolongado.

Vinhos de homenagem

Já te disse não é um nome comum, mas tem a ver com um cão que pertencia a Ramiro, avô de Pedro e Rui, que era um apaixonado por campo e tinha vários cães que o acompanhavam nas suas caçadas. Um deles, um cão rafeiro, de orelha partida mas um grande cão de caça, foi batizado pela sua filha - a mãe de Pedro e Rui Patrício - com o nome de ‘Já Te Disse’, o que sempre gerou momentos de grande diversão cada vez que alguém perguntava o nome do animal. «Mas já disseste o quê?», perguntavam os companheiros de caça. E o avô Ramiro ria-se sempre da confusão que causava!

São estas memórias singulares que os produtores quiseram homenagear quando pensaram num nome para os vinhos, e também para um azeite que produzem com a variedade Picual.

O reconhecido arquitecto Siza Vieira, que sabia desta história, elaborou para a família Patrício os dois desenhos em homenagem à história do avô e do cão, imortalizada nos  rótulos do vinho Já Te Disse. Por ultimo, a garrafa do vinho é bordalesa, troncocónica, e as rolhas selecionadas são 100% cortiça natural portuguesa da Corticeira Amorim. Posteriormente são lacradas a preto mate.