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Não provaste? Azal o teu!

Este é um vinho que não vão encontrar facilmente, a não ser que conheçam o Augusto Freitas de Sousa. Jornalista de profissão e um apaixonado por vinho, decidiu homenagear o legado familiar ao produzir um vinho da casta Azal, em Amarante, região dos vinhos Verdes. 

Hoje escrevo para falar sobre um vinho especial que provei há algum tempo, aquele tipo de vinhos de produção limitada que poucas pessoas conhecem porque o produtor não divulga em massa, mas apenas entre amigos e nos poucos restaurantes e garrafeiras por onde o distribui. Esta é a segunda edição e já está esgotada, por isso, quem o quiser provar, ou escreve ao Augusto para provar a ‘pomada’ freitasdesousa@gmail.com (pode ter guardado umas garrafinhas), ou então procura em restaurantes e garrafeiras de referência, pois só assim irá encontrar este branco especialíssimo, elaborado com a casta Azal, proveniente de vinhas centenárias. Vai dar trabalho mas garanto que vale a pena!

O vinho chama-se Número Zero e é um legado familiar que Augusto Freitas de Sousa decidiu continuar, mas já munido de outros conhecimentos de viticultura e enologia que adquiriu durante muitos anos a investigar, a entrevistar personalidades da vinha e do vinho e a escrever sobre grandes vinhos portugueses. Depois, também teve o apoio de Jorge Sousa Pinto, enólogo reconhecido pelo seu alto desempenho técnico.

A garrafa é pesada, de boa qualidade, e o lettering do rótulo simples, com caracteres semelhantes aos da máquina de escrever. A cera que envolve a rolha e o gargalo completam a vestimenta.  As uvas, provenientes de vinhas centenárias da Freguesia de Mancelos, deram origem a um vinho muito interessante, que nos transporta numa viagem a vinhos da região dos Vinhos Verdes que não só os Alvarinhos e os Loureiros de sempre. O trabalho da recuperação de castas que se está a fazer um pouco por todo o país, também está a acontecer na região dos Vinhos Verdes, que começa a descobrir novas potencialidades. E a Azal começa a ganhar alguma visibilidade, principalmente em projectos menos visíveis de pequenos produtores que lhe querem dar o palco que merecem.

Conhecida também por «Asal da Lixa» em Amarante, «Gadelhudo» em Felgueiras, «(Es) Pinheira» em Lousada e ainda por «Carvalhal», a Azal nunca foi considerada uma casta nobre, mas sempre foi recomendada nas Sub-Regiões de Basto, Penafiel e Amarante, e nos concelhos mais a sul da Região Demarcada. É uma casta muito produtiva e rústica e dá origem a vinhos de aroma delicado mas pouco intenso, ligeiramente acídulos e frutados. As vinhas do produtor são conduzidas em ramadas altas e na bordadura de uma terra chã, onde ainda se cultiva milho, feijão e alfaces, como é costume no Minho. O clima é fresco, mas mais quente e temperado, o que permite uma melhor maturação das uvas. Assim, o perfil deste branco é tudo menos um branco 'verde' como estamos habituados a beber. Ele é fresco, mineral e citrino, e mais encorpado, untuoso e complexo no paladar (também porque fez bâttonage), terminando longo. Acredito que o tempo lhe dará ainda mais complexidade, pois revelou um bom potencial de guarda. 

Quem está atento a estas lides do vinho e gosta de descobrir novos vinhos, nada como acompanhar de perto estas experiências que nos levam à mesa sensações diferentes e novos conhecimentos. Augusto, este vinho é para continuar a produzir, cada vez mais e melhor, e que divulgues cada vez mais por onde o andas a distribuir para a malta poder comprar! 😉