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Nem só de vinho vive o homem

Portugal produz vinhos incríveis mas há outras bebidas tradicionais que se destacam no panorama nacional. Nuno Belo decidiu reavivar as tradições familiares e começou a produzir ginjas, licores, aguardentes… e até gin!

Na família de Nuno Belo, já no tempo da bisavó os serões de casa, na aldeia de Vale do Peso (concelho do Crato, Distrito de Portalegre) eram acompanhados por licor de ginja. É dela a receita original, continuada pela avó e depois pela mãe de Nuno, que lhe apurou o gosto e continuou a ir para a mesa nos convívios entre amigos e familiares, adoçando conversas e regalando paladares. Foi num destes momentos, numa conversa entre amigos, que surgiu a ideia de levar o licor além dos limites da aldeia. Duas garrafas de ginja depois, a decisão estava tomada: o negócio iria para a frente!

Porque os amigos e a família são sempre um júri suspeito, Nuno Belo levou a ginja a um dos principais concursos da especialidade e acabou por arrecadar o prémio de ‘Melhor Licor’. «Esta confirmação oficial da qualidade do produto foi o empurrão final para me lançar ao desafio. O reencontro com as raízes da minha família e a possibilidade de trabalhar próximo da natureza, fizeram de Vale do Peso a opção natural para instalar a destilaria. Foi assim que um antigo palheiro na propriedade dos meus pais, que já serviu de abrigo a vacas e burros; e também uma garagem, entretanto transformou-se numa destilaria», afirma Nuno Belo.

Já com a destilaria legalizada, Nuno inspirou-se nas receitas da mãe e criou ainda mais 4 licores. Após explorar outras possibilidades e investigações, seguiram-se ainda as aguardentes e os gins «Sem desviar a atenção das bebidas tradicionais, fui aprender a fazer gin. Participei em workshops, visitei outras destilarias para me inteirar do processo de produção e no final criei 3 gins», explica.

Todos os licores são feitos com fruta fresca, por processo tradicional, e os gins são destilados num alambique de cobre e enriquecidos com alguns botânicos que vêm directamente do quintal dos pais de Nuno. As garrafas são inspiradas nos antigos frascos de medicamentos e os rótulos e a numeração de cada garrafa são colocados à mão.

A prova em concursos nacionais já lhe valeram vários prémios e medalhas. «Na Destilaria Dois Belos, mais do que produzir bebidas, recriamos sabores antigos e inventamos novos; enchemos garrafas que evocam memórias e transbordam sabores da natureza. Cumprimos a tradição com os olhos postos no futuro» remata Nuno.



O Gin do Vale foi o primeiro a ser produzido no concelho do Crato. Destilado em alambique tradicional e engarrafado em modo artesanal, foi lançado em 2021. É feito com 13 botânicos. «Fomos buscar a semente de coentro ao Alentejo, a erva príncipe ao quintal do tio Manel, os limões ao quintal da Dona Antónia (minha mãe) e juntámos-lhes as pétalas de rosa, mais 11 botânicos», revela Nuno Belo. Fresco, limpo e aromático é um gin com ingredientes originais, que pode ser bebido puro ou com água tónica.

Já o Dois Belos Gin Kratus é uma edição especial que replica a receita do Gin do Vale. Delicadeza, elegância e subtileza são os sinónimos deste gin, que contém botânicos selecionados, destilados em conjunto num método tradicional, de forma a potenciar todos os aromas da receita. A conjugação de todos os botânicos resulta numa sensação inicial de leveza, sentindo-se ligeiras notas de pêssego, menta e pimenta no final de boca. «É um gin diferenciador pela sua elegância e estrutura. Mais do que um gin, um perfume, aquela essência que faz fechar os olhos e viajar no tempo, que desperta os sentidos e recorda os aromas e os cheiros, dos trilhos e dos campos alentejanos».

O Dois Belos Licor de Ginja tem uma textura homogénea, com sabor frutado intenso, acidez muito agradável, corpo mediano original e cor rubi, obtido através da maceração das ginjas com aguardente e açúcar. Pode ser consumido à temperatura ambiente ou com gelo. Quem preferir sabores mais intensos, pode ainda optar pela versão Dois Belos Licor de Ginja Picante, elaborado através de um processo de maceração do fruto com aguardente, açúcar e malaguetas, que lhe dá um sabor natural, frutado e genuíno. Com uma textura homogénea, sabor intenso e picante, acidez muito agradável e corpo de média etrutura, é uma bebida generosa e única no seu género. Pode ser consumido à temperatura ambiente ou com gelo. Tal como os restantes produtos, nenhum destes licores é produzido com adição de corantes ou conservantes.

O Dois Belos Licor de Alfarroba também se destaca, sendo obtido através de um processo de maceração do fruto com aguardente e açúcar, com um sabor natural, frutado e genuíno. É muito equilibrado, com doçura bem proporcionada, acidez agradável, corpo mediano e aroma pronunciado de alfarroba. Pode ser consumido à temperatura ambiente ou com gelo.

Finalmente, as aguardentes: A Dois Belos Aguardente de Medronho é obtida a partir do fruto do medronheiro, da região da Serra da Estrela, e é cuidadosamente destilada em alambique tradicional de cobre. Delicada, ousada e muito elegante, oferece um aroma doce, combinado com um sabor intenso. Tal como os licores, pode ser consumida à temperatura ambiente ou com gelo. Por último, a Dois Belos Aguardente da Bica é obtida a partir de uma seleção de uvas de elevada qualidade e, depois de destilada, é envelhecida em carvalho francês. De aroma rico e complexo, com predominância do primário do vinho e das notas terciárias resultantes da oxidação no contacto com a madeira, apresenta um aspeto cristalino. Suave na boca, com final fino, aveludado e longo, apresenta uma persistência típica de uma aguardente velha produzida como são as melhores aguardentes do mundo.