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O Chryseia 2020? Excepcional, como sempre!

Quando foi idealizado, o objectivo deste vinho foi aliar o conhecimento e tradições de duas grandes regiões vitivinícolas, o Douro e Bordéus. Hoje, o Chryseia é um projecto consolidado e um dos mais reputados vinhos portugueses.

Tal como acontece sempre que as melhores uvas o permitem, a Prats & Symington (uma parceria entre Bruno Prats, um dos mais reconhecidos enólogos de Bordéus, e a família Symington, os maiores proprietários de vinhas no Douro, com 27 quintas) apresentou recentemente o Chryseia 2020, um vinho que se tem afirmado nas duas últimas décadas como um DOC Douro de referência, e um dos melhores do país. A apresentação decorreu no Restaurante Vila Foz no Porto, recentemente galardoado com 1* Michelin com o menu da responsabilidade do chefe Arnaldo Azevedo, e contou com a presença do enólogo Bruno Prats, Rupert Symington e Johnny Symington (Chairman e CEO da Symington, respectivamente). (na foto de entrada, da esquerda para a direita, Jonnny, Bruno e Rupert)

Já se sabe, estamos a falar de um vinho de enorme qualidade, que na época em que foi lançado fez ainda mais furor pelo facto de ter um perfil diferenciador dos restantes vinhos do Douro. Ou seja, sendo um vinho do Douro, que se poderia esperar poderoso, profundo e marcante, conseguiu reunir todas estas características mas através de um perfil diferenciador, com uma enorme elegância e finesse, baseada nos melhores vinhos bordaleses, algo pouco comum naquela época (a Joint Venture entre as duas famílias teve início em 1999, e o primeiro vinho Chryseia lançado em 2002, da colheita de 2000 ).

Para quem tinha dúvidas sobre o sucesso deste desafio, rapidamente as desvaneceu. A segunda colheita do Chryseia 2001, garantiu a primeira entrada de um vinho tranquilo português no TOP 100 anual da prestigiada revista Wine Spectator, alcançado a posição 19 do Ranking, com 94 pontos. Já em Janeiro de 2013, o Chryseia 2011 alcançou 97 pontos na mesma publicação, a segunda nota mais alta de sempre atribuída a um vinho tranquilo português, tendo ainda sido classificado na terceira posição no TOP 100 de 2014 da revista. Isto, sem falar noutros prémios e elevadas pontuações que o Chryseia tem vindo a ganhar e a alcançar ao longo dos anos.

Quem teve a sorte de acompanhar desde o início este desafio, sabe bem o quanto foi interessante ver a evolução desta aventura, já que contribuiu grandemente para ajudar a elevar a qualidade dos vinhos durienses / portugueses. Todos os anos, e apesar de sabermos a qualidade intrínseca do Chryseia, somos sempre surpreendidos pela sua frescura e profundidade. Na sua composição, este tinto tem sempre Touriga Nacional e Touriga Franca, sendo que a percentagem de ambas depende dos anos em que as uvas de cada uma delas melhor se comporta. Este ano, o vinho tem 70% de Touriga Nacional e 30% de Touriga Franca, de uvas provenientes das Quintas de Roriz e Perdiz.  Após a vindima e selecção das melhores uvas, o mosto fermenta em inox com maceração, remontagem e temperatura controlada. Depois estagia 14 meses em barricas de 400 litros de carvalho francês maioritariamente novas e 10% usadas. Produzido quase todos os anos, é um tinto de grande nível. A colheita de 2020 revela um aroma floral, frutado e balsâmico, complementado com notas minerais muito elegante. No paladar é complexo, profundo mas sem nunca marcar demasiado pois a sua frescura e estrutura estão lá mas nunca agridem o paladar. É o tal perfil do Douro que nos encanta por uma elegância cada vez mais presente nos vinhos da região.