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O novo Dilema dos Symington

É a mais recente novidade produzida pela reconhecida família de produtores, um DOC da vindima de 2020 que vem uma vez mais revelar que o Douro também consegue brilhar nos brancos.

Quando se diz que determinada pessoa está a enfrentar um dilema, significa que terá de tomar uma decisão extremamente difícil. O raciocínio que configura o dilema é estudado a partir da ótica filosófica que, desde os primórdios da filosofia, consiste na ideia de um argumento que apresenta duas alternativas, mas com cenários contrastantes e ambos insatisfatórios. É o dicionário que o diz, mas quando estou perante este vinho, não há dilema algum. A única saída é bebê-lo até à última gota, o que me parece uma solução altamente satisfatória!

Desde que a Symington assumiu a missão de produzir vinhos do Douro da melhor qualidade, tem aprendido cada vez mais sobre o comportamento das castas brancas neste terroir único e desafiante. Com o lançamento do Pequeno Dilema, contribuiu para revelar o potencial da região em produzir vinhos brancos.

A vinha da Tapadinha situa-se 580 metros acima do vale do Rio Torto e a vinha de Chões 520 metros acima do vale do rio Pinhão. A sua altitude permite temperaturas mais moderadas e uma maturação melhor e mais equilibrada das uvas. Elaborado com castas Viosinho, Gouveio, Arinto e Alvarinho, o Pequeno Dilema é produzido a partir da colheita de 2020, ano com níveis de precipitação durante o inverno e no início da primavera normais, mas com temperaturas acima da média, que provocaram o adiantamento do ciclo vegetativo em cerca de três semanas. Embora tenha sido um ano de quebra na produção, na ordem dos 40 por cento em algumas propriedades, a redução foi atenuada pela boa qualidade apresentada.

Foram produzidas apenas 5.000 garrafas da primeira edição do Pequeno Dilema. Pronto para consumo imediato, e ideal para acompanhar alguns pratos ricos de peixe, o vinho beneficiará também de um período de envelhecimento adicional. Pensado especialmente para o mercado nacional, o Pequeno Dilema vai também chegar ao Reino Unido e aos Estados Unidos da América com o P.V.P recomendado de 18,50 euros, podendo ser encontrado em garrafeiras e restaurantes. «O Douro continua a mostrar que é capaz de produzir vinhos brancos excecionais. É muito fresco, com uma boa presença no paladar, um branco desenhado a partir das vinhas da Tapadinha e Chões, de cota mais elevada» afirma Rupert Symington, CEO da Symington Family Estates. «Estou muito orgulhoso da nossa equipa de enologia pela forma como aceitou este desafio e usou a sua experiência e habilidade para produzir um vinho delicado e equilibrado, a expressão perfeita deste dois terroirs do Douro», remata.


Após um desengace suave, a uva inteira é encaminhada para a prensa. Os mostos apurados a pressões muito baixas são depois sujeitos a um processo de clarificação, de modo a aproximarem-se das características mais favoráveis para o bom desenrolar do processo fermentativo. O arranque da fermentação alcoólica ocorre em cuba, para depois passar para as diferentes barricas que lhe são destinadas, novas e usadas.  Os enólogos responsáveis, Charles Symington e Pedro Correia elaboraram assim este vinho com 60% de Viosinho, 25% de Gouveio, 10%  de Arinto e 5% de Alvarinho. O estágio sur lies (sobre borras) permitiu consolidar o perfil do vinho, num conjunto que se pretende estruturado, com volume e uma textura cremosa. O estágio em garrafa permitiu uma boa integração da madeira. De aroma mineral, floral e notas de madeira muito bem integradas. No paladar revela-se citrino, com leve toque e especiaria, com boa estrutura e com longo final de boca. Pronto para consumo imediato, beneficiará também de um período de envelhecimento adicional.