Entrevistas

O vinho mais belo

Tem um atelier de design especializado em marcas, rotulagem e packaging que revolucionou o mundo do vinho ao valorizar a imagem de algumas das mais conhecidas marcas portuguesas. É, também, uma das mais premiadas profissionais nesta área a nível nacional e internacional. Para Rita Rivotti, fundar a Wine Branding & Design foi parte de um processo natural. Tirou a licenciatura em Engenharia Agrícola na UTAD, um mestrado em Marketing e Gestão de Marcas no ISCTE, e ainda tem o grau 2 da Wine & Spirit Education Trust, uma das melhores escolas do mundo a dar formação em vinhos. No entanto, a sua ligação às artes falou mais alto e decidiu apostou naquela que hoje é uma das mais reconhecidas empresas de design a trabalhar para o vinho (e não só). Portugal fica a ganhar.  

Como é que alguém que tira agronomia, abre uma agência de design dedicada aos vinhos? 
Apesar de ser licenciada em Engenharia, desde sempre senti uma grande vocação para as artes e, como a vida dá muitas voltas, vim parar a uma profissão onde ponho todos os dias a arte ao serviço do marketing de vinhos e de tudo o que aprendi na universidade. Acaba por ser o melhor dos dois mundos. A imagem de um vinho tem o poder de seduzir e de determinar a sua escolha e também de influenciar a própria prova. Um vinho até nos sabe melhor se tiver uma imagem apelativa!

Tens clientes em todas as regiões nacionais? E a nível internacional?
Sim, felizmente tenho tido a oportunidade de conhecer e trabalhar com produtores de todas as regiões, incluindo Açores e Madeira, o que tem enriquecido muito o nosso trabalho. Contudo, temos sido procurados cada vez mais por clientes internacionais, principalmente espanhóis, como o Marquês de Griñón, Arínzano e Berberana. A internacionalização foi o nosso grande objetivo desde 2018.

Como consumidora de vinho tens alguma região preferida?
Não, não tenho! É muito difícil escolher um vinho ou uma região preferida quando se fala de vinhos portugueses. Actualmente, há vinhos muito interessantes em todas as regiões. O que gosto mesmo é de beber um bom vinho explicado por quem o fez e saber onde ele nasceu. Isso também influencia bastante a prova, tem outro encanto!

Que estilos de vinhos gostas mais?
Gosto de todos os estilos mas bebo mais vinhos brancos. São mais leves e frescos que os tintos e, ainda por cima, existe hoje uma grande diversidade de brancos a nível nacional. No entanto, nada se compara a um Porto muito velho… tive a sorte de provar algumas vezes Portos com mais de 100 anos e fiquei absolutamente maravilhada… é inesquecível! 

Que projecto gostarias de fazer que ainda não fizeste?
Todos. Vivo numa constante inquietação, sempre à procura de fazer mais e melhor. Cada projeto é um novo desafio, uma página em branco, é como se fosse o primeiro. 

Gostavas de algum dia vir a produzir vinhos?
Não. Estou feliz a apoiar os produtores de vinho fora da adega, um trabalho que tenciono continuar a fazer durante muito anos. 

Se pudesses dar um vinho a alguém famoso, a quem seria e que vinho darias?
Oferecia o Tyto Alba ao Leonardo DiCaprio, pelo seu fantástico trabalho na conservação do planeta. Gostava de provar que uma simples garrafa de vinho pode passar uma mensagem muito positiva e fazer a diferença no nosso dia-a-dia. (nota: A coruja das torres - Tyto Alba - é fundamental na protecção do equilíbrio ecológico das vinhas, e Rita Rivotti idealizou para a Companhia das Lezírias uma criativa embalagem para os vinhos baptizados com o nome desta ave).

Os produtores portugueses valorizam a imagem dos seus vinhos?
Sim, Portugal tem hoje uma imagem muito boa, percebe-se isso nas feiras internacionais. O pavilhão de Portugal não tem nada a ver com o que era há dez anos e os vinhos portugueses têm em geral uma imagem bonita e cuidada. Orgulho-me de ter acompanhado esta evolução e de ter contribuído em parte para isso.

Mais sobre o trabalho de Rita Rivotti: https://ritarivotti.pt/