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Os novos vinhos e colheitas da Casa da Passarella

Revisitar métodos clássicos e resgatar castas de mérito reconhecido faz parte desde sempre do trabalho da Casa da Passarella, situada no sopé da Serra da Estrela, no Dão. Agora, além das novas colheitas do portfolio desta propriedade emblemática, há também novas referências.  

Portugal é um dos países com mais castas do mundo e com uma tradição vitivinícola histórica. Sob a orientação do enólogo Paulo Nunes, as novidades da Casa da Passarella (três novas referências) vêm completar a gama Fugitivo, uma família de vinhos que pretende ser disruptiva e irrepetível. Vinhos que são o resultado de condições únicas e de anos excepcionais. «Vinhos de coleção produzidos para serem descobertos pelos apreciadores de vinho mais exigentes» diz Paulo Nunes.

Estes três monocastas ganham assim protagonismo junto deste tipo de consumidor. «Na sua composição entram castas de vinificações ancestrais presentes em lotes históricos das vinhas velhas da propriedade: O Fugitivo Baga 2018, O Fugitivo Tinta Amarela 2018 e O Fugitivo Tinto-Cão 2019. São vinhos de carácter diferenciador, marcados por delicadeza aromática e estruturas marcante» explica ainda o enólogo.

Nestes três vinhos a fermentação espontânea ocorre em lagar de granito, com engaço parcial. O Baga 2018 estagiou durante 36 meses em tonel e, posteriormente em garrafa. Aberto na cor, revela notas de frutos silvestres conjugadas com apontamentos de tabaco e, em prova, mostra-se elegante e delicado, com uma persistência impactante. Já o Tinta Amarela 2018 caracteriza-se pelas notas vegetais e especiarias, entre elas a pimenta preta, num final de boca marcante. Por último, os frutos vermelhos, intercalados com algumas notas vegetais, ajudam a definir o Tinto-Cão 2019, cujos taninos bem presentes coexistem com a delicadeza de perfil. Estes dois últimos tintos estagiaram ambos 24 meses em barricas novas e de segunda utilização, e o restante tempo em garrafa.


Na foto, o enólogo Paulo Nunes



A par das estreias, a Casa da Passarella apresenta também as suas colheitas mais recentes. Entre elas, o Villa Oliveira Encruzado 2021, uma homenagem à primeira marca a ser criada pela Casa da Passarella, há 130 anos. O monocasta Encruzado, uva pela qual o enólogo Paulo Nunes tem especial apreço e afinidade, resulta de uma edição rigorosamente limitada que procurou revisitar a forma tradicional de vinificar brancos. O início da fermentação decorreu em contacto pelicular em curtimenta, em cuba de cimento com leveduras indígenas. Com um estágio de 12 meses em barricas de carvalho de 600 litros, é um vinho marcado pelo aroma a fruta branca, encorpado, fresco e elegante no palato, com longo final de boca.  

A Casa da Passarella assinala também o regresso de referências da gama ‘Histórias da Passarella’, a começar pelo Abanico Reserva branco 2022, um blend de castas autóctones (Bical, Cerceal, Barcelo e Terrantez, entre outras), com um estágio de 12 meses em balseiros de carvalho. Com notas citrinas e de frutas brancas no aroma, tem um perfil encorpado e elegante. Mais volumoso e com uma acidez vibrante é o Oenólogo Encruzado 2022, com um final de boca longo e persistente.

Por último, a dupla A Descoberta Branco 2023 e A Descoberta Rosado 2023, deve o nome à misteriosa caixa encontrada numa parede da Casa da Passarella no século passado. O primeiro tem no ADN as castas Malvasia-Fina, Verdelho e Encruzado, e evidencia rosmaninho e salva com frutas citrinas no nariz. Um vinho de grande elegância e enorme frescura. O segundo resulta de uma junção de Touriga Nacional e Tinta Roriz: de um ligeiro salmão a marcar a cor, fazendo-se dominar, no nariz pela fruta exótica combinada com notas de cereja.