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Quinta Fonte Souto lança primeiros vinhos

É em Portalegre, junto à Serra de São Mamede que os Symington está a produzir os seus primeiros vinhos alentejanos

A família Symington, o maior proprietário de quintas no Douro, saiu recentemente da sua ‘zona de conforto’ ao comprar uma propriedade no Alentejo inserida no Parque Natural da Serra de São Mamede, sub-região de Portalegre. Para quem anda nestas lides do vinho, conhece certamente o projecto anterior que ali singrou, na altura pertencente ao produtor e engenheiro mecânico João Lourenço que, apoiado pelo enólogo Paulo Laureano, desenvolveu a sua paixão pelo vinho. Uns anos mais tarde, questões profissionais e pessoais levaram-no a ter de vender a propriedade, acabando os Symington – após um ‘longo namoro’ - por a adquirir.
Os primeiros vinhos foram vinificados na adega já existente da propriedade, que beneficiou de profundas modificações desde a aquisição, em princípios de 2017. O resultado encontra-se agora à venda no mercado, desde o início do Verão de 2019. E são duas as novas marcas: Uma chama-se Florão (branco e tinto, ambos de 2018) e a outra Quinta da Fonte Souto (branco, tinto e tinto Vinha do Souto, os três de 2017), sendo estes dois últimos os mais estruturados e complexos. 

Florão e Quinta da Fonte Souto são as primeiras marcas lançadas no Alentejo pela família Symington


Apesar das diferenças que os separam, existe um ponto comum entre todos que é a frescura. As vinhas da Quinta da Fonte Souto estão situadas entre os 490 e os 550 metros de altitude, o que as fazem beneficiar de noites frescas, determinantes no ciclo final das maturações das uvas. A direcção de enologia é de Charles Symington, que conta com o apoio de José Daniel Soares, a trabalhar para a empresa há oito anos e que, entretanto, foi transferido para o Alentejo como enólogo residente.
Os vinhos estão realmente bons, brancos e tintos, mas confesso que a minha escolha pendeu mais para os primeiros. Do mais simples (o Florão, elaborado como com Arinto e Verdelho em iguais proporções, sem madeira, boa acidez e com uma estrutura e complexidade incríveis) ao mais complexo (o Fonte Souto, com 75% de Arinto e o restante de Verdelho, com parte da fermentação em barrica e estágio em madeira) vale a pena provar ambos para ver as diferenças. 
Quanto aos amantes de tintos, tal como acontece no brancos, a complexidade sobre gradualmente. O Tinto Quinta da Fonte Souto é o mais denso, estruturado e envolvente deles todos, um vinho que surpreende, elaborado maioritariamente com Alicante Bouschet e Syrah, e estagiado 80% em barricas de carvalho francês novas e usadas. Bom, muito bom.