Ramos Pinto, uma casa com história
Não é só nas propriedades que se conta a história do vinho. Em 1880, Adriano ramos Pinto fundou em Vila Nova de Gaia a sede de uma empresa que viria a tornar-se uma das de maior referência na produção de vinho do Porto e nas técnicas de marketing, pioneiras em Portugal. As caves e o museu, no cais de Gaia, permitem ao visitante uma viagem pelo tempo e pela história do vinho do Porto.
A vida de Adriano Ramos Pinto (1859-1927) é bem conhecida. Empreendedor e visionário, fundou a empresa tinha pouco mais de 20 anos e, desde logo, percebeu que para vender os seus produtos teria de recorrer a um minucioso trabalho de divulgação. Estas técnicas foram inovadoras porque na época nenhuma outra empresa de vinho do porto as utilizava. Um trabalho único que envolveu a produção de cartazes, embalagens de vinho cuidadas e rótulos apelativos, entre outros objectos, que agora podem ser visionados quando se visita o renovado museu da empresa, situado na zona ribeirinha de Gaia. A empresa adquiriu este edifício clássico de tom amarelo ocre em 1907 e para lá se mudou dois anos depois. Os recentes trabalhos de remodelação centraram-se na sala de recepção dos visitantes e a da realização de provas, onde também funciona a loja. A visita guiada às instalações passa pelos antigos escritórios, o gabinete particular do fundador, as caves onde envelhece o vinho e a área de provas. As visitas são feitas por um guia e são muito didácticas, terminando com uma prova de vinho do Porto.
O próprio edifício, mas também a decoração, transportam-nos ao início do século passado: fotografias, garrafas emblemáticas, rótulos, utensílios ligados à actividade, medalhas ganhas pela produção vinícola da casa e muitos exemplares de material promocional. O requintado gabinete de Adriano Ramos Pinto foi preservado e está incluído no circuito. Descendo as escadas, chega-se às caves, onde encontramos centenas de cascos com vinho a envelhecer. Existe ainda um pequeno auditório, onde os visitantes podem visionar os detalhes sobre o processo de produção vinhateira. Por último, termina-se com chave de ouro: as provas.
Cada visitante tem direito a degustar dois vinhos: um branco reserva e um ruby reserva. Quem estiver interessado em ir mais além podem pedir outro tipo de provas, que variam no preço consoante as garrafas (de Porto ou de vinhos de mesa) que têm de se abrir. Recorde-se que a Ramos Pinto faz parte da empresa de Champagne Louis Roederer desde 1990, tendo uma gama alargada de vinhos, resultantes do processamento das uvas vindas das suas quatro quintas no Douro: Bom Retiro, Urtiga, Bons Ares e Ervamoira. Essa lista de referências inclui cinco gamas de Porto, igual número de vinhos de mesa durienses (destaque para a marca Duas Quintas) e ainda uma aguardente. Todos estes vinhos podem ser provados e adquiridos na loja da casa museu.