Entrevistas

Rei dos Leitões e… do vinho

 

O restaurante Rei dos Leitões nasceu em 1947, na altura uma tasquinha onde se comiam bons petiscos regionais. Com o passar dos anos, e após remodelações profundas, tornou-se num dos restaurantes de prestígio da Bairrada, especialmente no que aos vinhos diz respeito. Nenhum na região tem uma carta tão variada e um serviço igualmente invejável. Por essa razão, já recebeu inúmeros prémios de reconhecimento dessa mesma qualidade. António Paulo Rodrigues é o ‘team manager’ do Rei dos Leitões, a cara mais visível de uma família que desde há várias gerações faz deste restaurante uma referência.  Além do leitão, há ainda chanfana, bacalhau no forno, costeletas de novilho, polvo à lagareiro, rojões, peixe fresco (quase sempre à linha e adquirido no mercado da Costa Nova), isquinhas de leitão de cebolada e cabidela de leitão. António Paulo Rodrigues conta-nos sobre o sucesso deste restaurante familiar. 


Apesar do nome do restaurante, há aqui outros pratos que não só o delicioso leitão. Afinal o leitão aqui é rei, ou nem por isso? (risos)
O leitão será sempre o rei da nossa carta. Contudo, as pessoas preferem cada vez mais peixe e pratos vegetarianos. Também muita carne biológica. Alimentos mais crus e mais naturais. Exemplo disso são os cogumelos. Há famílias inteiras que nos seus tempos livres vão apanhar cogumelos. As pessoas estão a optar cada vez mais por uma alimentação mais saudável. E nós, na cozinha, tentamos acompanhar essa mudança de hábitos dos clientes e até temos uma horta biológica. O nosso peixe é muito fresco, vem de Peniche, e ainda temos um mel especial biológico e certificado, entre muitos outros produtos. A vinda do chefe Carlos Fernandes para o restaurante também foi fulcral para o nosso sucesso. 

O restaurante tem uma das garrafeiras mais completas da Bairrada. Tem vinhos maioritariamente da região, ou tem de tudo um pouco?
A garrafeira do Rei dos Leitões já foi premiada várias vezes a nível nacional. Temos mais de 1400 referências de todas as regiões nacionais, com grande incidência, naturalmente, na Bairrada, mas também muitos vinhos do mundo. A evolução dos vinhos nos últimos anos foi enorme. E o cliente está cada vez mais esclarecido e conhecedor. A maioria, quando se desloca ao Rei dos Leitões, já sabe ao que vem. Sabe que vai encontrar uma cozinha de excepção, mas também um excelente serviço de vinhos, de elevado padrão. Para isso formamos os nossos colaboradores.

Curiosamente, sei que não é apreciador de vinhos. Como é que fez para ter uma garrafeira tão boa e tão completa?
Sou abstémio desde sempre. As bebidas alcoólicas nunca fizeram parte da minha cadeia alimentar. A razão, não sei explicar. Contudo, e certamente por causa da minha mãe trabalhar na antiga Junta Nacional do Vinho, mais tarde Instituto da Vinha e do Vinho, contribuíram para que estivesse muitas vezes em contacto com o vinho. Daí, desde que me conheço, ser apreciador de revistas e livros sobre o tema. Possuo uma biblioteca com um número razoável de publicações. Mesmo em casa, e quando a minha actividade se centrava na Banca, adquiria com frequência vinhos de referência em cada colheita. Como tal, a garrafeira do Rei é baseada na aquisição de referências aconselhadas pelos maiores e melhores conhecedores deste país. 

O que é o que os clientes mais pedem aqui no restaurante?
Porque o espumante é uma das bebidas que melhor acompanha o nosso prato de eleição, é o produto que mais vendemos. Mas também temos muitos clientes a acompanhar refeição com tintos e brancos, bem como outros vinhos, como por exemplo os portos ou os Tokaj para acompanhar sobremesas.



© Fotografia: Miguel Ferreira