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Taifa branco 2020: A Elegância de Portalegre

A Symington, produtor de referência no Douro mas com investimentos significativos nas regiões dos vinhos Verdes e do Alentejo, lançou recentemente o Taifa, uma novidade produzida em Portalegre, na sua Quinta da Fonte Souto. Este vinho representa um nível de qualidade superior, resultado de uma colheita de uvas selectiva a partir de parcelas mais antigas e de uma antecipação da colheita, o que lhe garantiu maior acidez.

O nome Taifa remete à história da Península Ibérica, fazendo referência aos reinos muçulmanos que surgiram após a fragmentação do Califado de Córdoba no século XI, incluindo a Taifa, que abrangia o território de Portalegre. O novo Taifa é, assim, uma expressão dessa herança histórica e o mais recente topo de gama da Quinta da Fonte Souto.

A propriedade foi adquirida em 2017 pela família Symington e representa o seu primeiro projeto vitivinícola fora da região do Douro. A propriedade, cujo nome se inspira na boa disponibilidade de água e nas grandes extensões arborizadas, é constituída por 207 hectares dos quais 42 são de vinha. O microclima fresco, perfil dos solos e maturidade da vinha permitem a produção de vinhos de elevada qualidade com uma identidade muito própria.

Desde 2023 até 2024, a família Symington encontra-se a plantar mais 12,5 hectares de vinha, privilegiando a área de brancos, o que corresponde a mais ou menos a 85% da expansão (no ano da aquisição, aproximadamente só 2,5hectares correspondiam a castas brancas (Arinto e Verdelho).  Actualmente, o número de castas brancas já aumentou para 7 hectares e, de futuro, à Arinto e à Verdelho - que continuarão a ter um papel fundamental - vão juntar-se ainda as castas Viognier, Roupeiro, Chardonnay e Bical.

O foco principal de aquisição desta quinta passou sempre pela produção de vinhos de excelência alinhado com a tipicidade única da Serra de São Mamede.

   

Além da vinha, a restante área da quinta é coberta por floresta (área protegida), Montado, Cerejal, Souto e Olival tradicional.



O nome da quinta simboliza a abundância de água, alimentada pelas nascentes no interior da propriedade, mas também outra das suas imagens de marca já que uma área considerável  encontra-se coberta por castanheiros. Na propriedade existe ainda uma casa tradicional típica do Alto Alentejo, onde actualmente opera numa das alas o centro de enoturismo da quinta. A ligação à comunidade local sempre existiu face ao funcionamento de uma padaria, queijaria, escola, carpintaria que constituíam ali uma pequena povoação, apesar de actualmente estarem desativadas. A restante área é ainda coberta por floresta (área protegida), Montado, Cerejal, Souto e Olival tradiciona.

Um branco que sobressai

Após um abrolhamento precoce, a primavera chuvosa provocou algum abrandamento no ciclo da videira. Temperaturas bastante acima da média em Junho e Julho provocaram algum atraso no desenvolvimento das maturações, mas a altitude das vinhas preservou o equilíbrio e frescura das uvas. O mês de agosto, mais fresco, permitiu uma evolução muito positiva das maturações. Foi, sem dúvida, uma campanha muito desafiante desde que a Symington adquiriu a propriedade em 2017, com a vindima de 2020 a durar quase dois meses (19 de Agosto a 14 de Outubro). Cada casta, cada parcela, reagiu de forma muito própria aos desafios que se foram sucedendo e a atenção no campo foi fundamental. Assim se conseguiu  o equilíbrio e a frescura dos vinhos, com a pretendida fruta expressiva.

As uvas foram vindimadas para caixas pequenas e recepcionadas na adega da propriedade. À triagem manual seguiu-se o desengace e um esmagamento suave depois do qual as uvas foram transferidas para uma prensa pneumática onde foram prensadas a baixa pressão. A fermentação arrancou em cubas de inox, mas imediatamente após o início da fermentação alcoólica, parte dos mostos foram transferidos para barricas de carvalho de 500 litros. Esta maior capacidade das barricas permite minimizar o impacto da madeira sobre a componente aromática. Pretende-se, assim, uma maior incorporação de borras finas com vista à produção de vinhos com maior complexidade aromática e volume de boca. Os mostos são mantidos em contacto com as borras de fermentação com recurso a bâtonnage frequente (três vezes por semana até Dezembro, duas vezes por semana durante a primavera, reduzindo-se depois na parte final do estágio), de modo a promover a extração dos compostos libertados, os quais conferem volume e untuosidade que equilibram muito bem com a acidez natural das uvas da Serra de São Mamede.

Cada casta, cada parcela, reagiu de forma muito própria aos desafios que se foram sucedendo e a atenção no campo foi fundamental. Assim se conseguiu  o equilíbrio e a frescura dos vinhos, com a pretendida fruta mais expressiva.



Elaborado pelos enólogos Charles Symington, Pedro Correia e José Daniel Soares, este branco é produzido 100% com a casta Arinto, plantadas entre os 500 e os 550 metros de altitude. Após vinificação estagiou em barricas novas de carvalho francês e húngaro durante 11 meses, com controlo de temperatura e humidade. Finalmente, foi engarrafado em novembro de 2021 e lançado para o mercado agora, no final de 2023.

De aroma floral, fruta branca e marmelo, notas iodadas e de baunilha, é muito rico também no paladar, com uma textura aveludada, intensa, mas ao mesmo tempo muito elegante, com excelente acidez e final de boca. Madeira muito equilibrada e harmoniosa no conjunto global. Deste vinho foram produzidas apenas 2000 garrafas de 75cl  e 80 garrafas de 1,5L.