Torre de Palma alarga Portfolio
Em Monforte, no Alentejo, nasceu recentemente um novo vinho – o Torre de Palma Reserva da Família tinto 2017 - que agora se junta ao branco, com o mesmo nome, para complementar o portfolio do produtor.
Quando Torre de Palma nasceu em 2014, pelas mãos de Paulo e Isabel Rebelo, os seus primeiros vinhos foram um branco e tinto, na época, os únicos produzidos na herdade. Com o evoluir dos tempos, foram surgindo outros vinhos, incluindo um branco Reserva de Família de 2017, ao qual agora se junta um tinto de guarda da mesma colheita.
A decisão de criar vinhos de topo era evidente, já que os primeiros eram menos complexos. Segundo Paulo Rebelo, proprietário da Torre de Palma, «O lançamento deste vinho representa aquilo que foi sempre o nosso sonho de fazer um grande tinto do Alentejo, de Portugal, desafio que o nosso enólogo, Duarte de Deus, agarrou desde o primeiro dia. Mas para isso foi necessário dar tempo ao vinho para se revelar e aguardámos com entusiasmo pelo momento certo para o lançar ao consumidor».
Estes vinhos simbolizam, assim, o esforço da marca em alavancar a qualidade do Alentejo, com foco na genuinidade do seu terroir. «Focámo-nos na qualidade da vinha, das castas e nas condições ideais para o envelhecimento dos vinhos», explicou Duarte de Deus. «Este estilo de vinhos demora mais tempo a envelhecer, temos de ter paciência. 2017 foi um ano com ótimas condições na vinha, separámos as castas e deixámos o vinho descansar o tempo necessário até ficar pronto. É este o momento», completou o enólogo.
Assim, o lançamento destes vinhos teve o propósito adicional de mostrar o potencial de guarda dos vinhos do Alentejo, uma região menos divulgada neste conceito. «O vinho pode ser apreciado agora, mas o seu potencial de guarda é de 10 a 15 anos, e com certeza vai oferecer também muito prazer aos consumidores que souberem esperar ainda mais um tempo por ele», rematou.
Já o Reserva de família branco de Torre de Palma, produzido também a partir da colheita de 2017, foi lançado mais cedo e um sucesso entre apreciadores de vinho, somando já três edições (seguiram-se as de 2018 e 2019). Segundo Duarte de Deus, os vinhos brancos revelam «uma pureza de fruta que, com menos tempo em garrafa, são mais fáceis de agradar aos consumidores», explica. «Temos trabalhado para nos posicionar como produtor de grandes vinhos nacionais, e o mercado tem reconhecido o nosso trabalho. Por isso acreditamos que este tinto também terá uma boa aceitação», rematou o enólogo.
Estudar a longevidade
A prova de lançamento decorreu na nova sala de prova de Torre de Palma, desenhada por Margarida Moura, do Magàri Studio. Em seguida, realizou-se um jantar de degustação servido no restaurante Palma, com menu criado pelo Chef Miguel Laffan, onde pratos como a lula portuguesa grelhada com molho béarnaise e o pernil de borrego com batatas e chalotas, foram harmonizados pelos sommeliers António Lopes e André Figuinha, embaixadores da marca Torre de Palma.
Na prova das três colheitas de branco já lançadas – 2017, 2018 e 2019 - ficou evidente o potencial de envelhecimento patente nas notas de evolução, mas ainda com muita frescura. Todos eles elaborados com as castas Alvarinho, Antão Vaz e Arinto, em igual proporção, mas cada uma delas plantada em solos distintos (solos calcários para a Arinto, graníticos para a Alvarinho, e arenitos para a Antão Vaz), que revelam bem a diversidade do terroir.
Sendo o mais antigo, o Reserva da Família branco 2017 apresentou aromas terciários intensos, com aromas fumados / nuances de madeira mais marcada, devido às barricas novas utilizadas na época onde o vinho fermentou e estagiou. O ano quente também contribuiu para este perfil mais aromático e mais tenso no paladar. No entanto, apesar da sua garra, foi de todos o vinho mais harmonioso na prova, com os elementos mais bem casados. Um equilíbrio perfeito entre potência e elegância, com uma acidez refrescante a revelar o seu grande potencial de guarda.
Já o Reserva da Família branco 2018, tendo sido um ano mais ameno, revelou uma concentração mais elegante, mais leve e precisa. Cada camada deste vinho está bem definida, destacando-se bem no seu perfil a mineralidade da Arinto e a vitalidade da Alvarinho. O trabalho de viticultura em adaptar as castas aos diferentes tipos de solo / parcelas é aqui ainda mais evidente neste branco complexo e fresco.
O último dos brancos, o Reserva da Família 2019, revelou-se igualmente marcante. Um ano de baixa produção mas de alta qualidade. O vinho fermentou parcialmente em barricas de carvalho francês, em contato com borras finas, o que contribuiu para o seu corpo e textura cremosa. Permaneceu depois em barricas e em tanques de cimento forrados a epóxi, e foi finalmente engarrafado, revelando actualmente uma sólida estrutura e uma acidez que promete longevidade.
Finalmente o tinto, a grande novidade desta prova e do portfolio de Torre de Palma. Tal como os brancos, este tinto é elaborado com extremo cuidado, começando pela seleção das uvas nas melhores parcelas. Após a vindima manual, as uvas são cuidadosamente transportadas em pequenas caixas para a adega (para evitar o esmagamento precoce). Após o desengace, seguem depois para os lagares de mármore, onde ocorre a fermentação alcoólica e é feita a pisa tradicional a pé. No final, o vinho estagia 24 meses em tonéis de carvalho francês.
Plantada a 310 metros de altitude, a vinha é cuidada de forma integrada, sem o recurso a herbicidas. Algo que se revela também na pureza da fruta e na genuinidade do perfil deste vinho. As castas utilizadas são a Alicante Bouschet, Aragonês, Touriga Nacional e a Tinta Miúda, em proporções de 25% cada. No aroma, o vinho é complexo, com notas de frutos vermelhos do bosque, nuances fumadas e especiarias. No paladar é volumoso e cremoso, com taninos firmes e um final longo, elegante e fresco. O estágio ocorre em tonéis de 2.500 litros (tosta média) durante um ano, o que deu origem a esta edição limitada a 3.300 garrafas.
Para o futuro, Torre de Palma prepara ainda novas surpresas: uma nova gama denominada ‘Musas’. «É um projeto de vinhos com uma forte carga histórica, inspirado nas ruínas e no mosaico romano de Torre de Palma, que prevê o lançamento de um rosé e um branco, ambos feitos com castas tradicionais do Alentejo, como a Aragonês e a Antão Vaz» remata Duarte de Deus.