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Três décadas a fazer bom vinho

Faz trinta anos que Mário Sérgio, da Quinta das Bágeiras, na Bairrada, lançou o seu projecto de vinhos. Actualmente é um dos produtores de referência em Portugal.

Quando Mário Sérgio iniciou o seu projecto de vinhos em 1989, na Fogueira, Bairrada, nunca imaginou alcançar o sucesso que tem hoje. Filho e neto de viticultores bairradinos, Mário sempre os viu a trabalhar na vinha e a produzir vinho. Não era por isso uma novidade, o rapaz sabia bem ao que ia, os sacrifícios que esta vida acarreta, mas também a paixão pelo vinho e a vontade de fazer bem feito.    

Fausto, o avô paterno, e o pai Abel foram os principais apoiantes de Mário Sérgio, que começou com 12 hectares de vinha, cujas uvas produziam vinho depois vendido a granel para várias caves da região.  Com Mário Sérgio nasce assim uma nova etapa vitivinícola na família, uma nova forma de ver o vinho que começou com o engarrafamento com marca própria.

A primeira colheita lançada foi um tinto de 1987


A sua convicção era simples, Mário queria que os seus vinhos, os vinhos de família, fossem feitos através de métodos tradicionais, mas sempre aproveitando os novos conhecimentos de viticultura e enologia dos tempos modernos. Aqui, todas as suas uvas são colhidas à mão, os tintos são feitos em lagares sem leveduras adicionadas, e os espumantes não têm açúcar residual, por exemplo. Uma aposta na qualidade e na identidade dos vinhos que produz, o que o faz um verdadeiro ‘Vigneron’, como gosta de ser conhecido.

O conceito de família também está aqui bem enraizado. Em jeito de homenagem a Abel Nuno, pai de Mário, criou-se um vinho branco e outro tinto, vinhos com carácter que impressionam pela estrutura forte e cheia. O avô Fausto não podia ser esquecido, e dele também surgiu inspiração para fazer um branco e um tinto cheios de personalidade, mas mais elegantes e frescos, com menor teor alcoólico, do jeito que ele gostava. Os vinhos são assinados por Rui Moura Alves, enólogo e amigo da família, e uma referência na região da Bairrada. Foi ele quem acompanhou o projecto desde o início e ainda hoje se mantém, sendo um dos homens que melhor conhece o potencial das vinhas da região.

Mário Sérgio, (à direita), com o enólogo Rui Moura Alves


Passados trinta anos do início desta história, Mário Sérgio bem pode estar orgulhoso do trabalho realizado. Hoje acumula 28 hectares na zona de Fogueira, apostando em castas tão tradicionais como Maria Gomes e Bical (nas brancas); e Baga (nas tintas), que dão origem a vinhos com carácter, que expressam a sua origem, têm boa aptidão de envelhecimento e, de alguma forma, são irreverentes. Os seus vinhos são reconhecidos e premiados em concursos nacionais e internacionais. Um produtor que não segue modas, já que «o que importa é fazer bem feito».