Um copinho de Porto Kosher, se faz favor!
Em Portugal já existem muitos produtos Kosher, incluindo vinho do Porto, produzido pela Quevedo em parceria com Luís Morão, empresário de produtos alimentares e membro da comunidade judaica no nosso país.
Kosher significa ‘apto’, em hebraico. Para quem não está familiarizado, um vinho apto para judeus é aquele que é produzido a respeitar as regras do Kashrut, conjunto de leis judaicas relativas à alimentação. Isso implica que o rabino, o líder espiritual da congregação judaica, acompanhe todo o processo de produção dos alimentos, desde a origem até ao seu embalamento.
É neste contexto que nasceu o ‘Cantinho Kosher’, na Guarda, que vende diversos produtos, entre eles vinho tinto, cervejas, azeites, compotas, queijos, entre outros. Luís Morão, o proprietário da empresa e membro da comunidade judaica de Belmonte, a mais antiga e representativa em Portugal, estudou o mercado a fundo e percebeu que havia necessidade de produtos kosher já que, embora os houvesse em Portugal, a maioria das pessoas tinha de os mandar vir de fora. A sua família, há já muito fixada em Portugal, foi uma das responsáveis pela formação desta mesma comunidade, e é através do rabino (a autoridade máxima, o líder judaico) que se adquire a certificação dos produtos.
Ao contrário do que se possa pensar, os vinhos Kosher não são produzidos com uvas específicas diferentes das utilizadas nos vinhos comuns. Também não se utilizam práticas ou rituais estranhos de vinificação. No entanto, existem algumas regras a seguir. As uvas que os produzem têm de ser provenientes de vinhas com mais de quatro anos de idade, e devem necessariamente descansar a cada sete anos, sem colheita (excepto se as vinhas mudarem de proprietário, o que faz iniciar a contagem). As vinhas devem crescer sem intervenções, admitindo-se apenas adubos orgânicos utilizados até dois meses antes da colheita. As vindimas devem ser feitas manualmente e por judeus. Na adega, acontece o mesmo, só os judeus podem manusear os equipamentos e o vinho durante todo o processo, desde a prensagem das uvas ao engarrafamento do vinho para evitar a contaminação por pessoas desprovidas de fé. Caso o enólogo não seja judeu, o mesmo tem de explicar ao rabino como se faz a vinificação, para que o mesmo se responsabilize. Aliás, todo o processo é cuidadosamente vigiado pelo rabino. A partir do momento em que ele o certifica, deixa de haver restrições. Qualquer pessoa pode beber o vinho, mesmo que não seja judia.
A ideia de ter vinho do Porto Kosher surgiu em conversa com o produtor Óscar Quevedo, de São João da Pesqueira, que já o tinha produzido para exportação, e dai surgiu a parceria. Um Porto ruby de cor viva, aroma a fruta vermelha fresca e sabor encorpado e vivo, fácil de beber.