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Um rosé, por favor!

Longe vão os tempos em que eram vistos com preconceito. Frescos, suaves ou mais sofisticados, a moda dos rosés veio para ficar.

Na verdade, o rosé já é mais do que uma moda. A tendência mundial de consumo tem vindo a crescer nos últimos anos e prevê-se que continue. Segundo os dados mais recentes da Internacional Organisation of Vine and Wine (OIV),  o consumo actual de rosé ronda os 24 milhões de hectolitros, sendo a França a liderar este consumo com 37%, seguida pelos Estados Unidos (12%), Alemanha (9%) e Reino Unido (6%). Em Portugal, segundo o Instituto da Vinha e do Vinho, a produção nacional já ronda os 400.000 hectolitros por ano. Números que impressionam se pensarmos que num passado recente os rosés eram muito mal vistos, considerados pela maioria dos consumidores um sub-produto de uvas tintas e a oferta era muito reduzida.

A moda dos rosés começou a surgir com maior força na década de 90, altura em que os produtores perceberam que a tendência mundial já começava a dar sinais de que produzi-los seria uma boa aposta. Na primeira década de 2000 a moda ficou mais forte, com rosés mais concentrados e carregados de cor a prevalecer. Com o passar do tempo, mudaram-se também as vontades e os rosés nacionais passaram a imitar o estilo da Provence, região de França onde, por excelência, se produzem alguns dos melhores rosés mundiais, de tons rosados bem mais suaves. Hoje, a tendência é essa mesma, embora continuem a surgir alguns de cor mais carregada. Para quem vos escreve, que não segue tendências, nada contra a cor ou a falta dela. Afinal, dos mais aromáticos aos mais minerais, dos mais suaves aos mais complexos, dos mais coloridos aos menos carregados, o que realmente conta é o equilíbrio do vinho. E Portugal atingiu hoje um patamar de qualidade equiparado a qualquer outro país produtor de vinho. E muitas vezes melhor. No caso dos rosés existem mesmo alguns exemplos de alta qualidade, como é o caso do Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo Reserva (que desde 2015, ano em que foi lançado, tem ganho diversas distinções, entre as quais 91 pontos de Robert Parker em 2015 e 2016), ou o MR (Monte da Ravasqueira) Premium Rosé  (lançado pela primeira vez em 2013 e pontuado com 90 pontos logo no ano seguinte na Wine Enthusiast, entre outras distinções). Estes são, provavelmente, os mais premiados e melhores rosés nacionais, mas outros de gamas inferiores também sobressaem pela sua qualidade como o Covela (Vinhos Verdes), Vinha Grande (Douro), Pedra Cancela (Dão), Quinta da Alorna (Tejo), Mar da Palha (Lisboa), Peceguina (Alentejo), entre tantos outros.

Actualmente, vive-se a euforia do rosé. Em Portugal, não há restaurante ou wine bar que não ofereça nas suas cartas de vinho uma opção variada deste estilo de vinho. Tal como nas prateleiras dos supermercados e nas garrafeiras. O consumidor abriu os olhos e percebeu o quanto o rosé, tal como o branco ou o tinto, podem ser versáteis e gastronómicos. Se forem mais suaves, servem tanto para aperitivos, como também para harmonizar com pratos de comida mediterrânica que inclua peixes, mariscos e outros frutos do mar. Saladas e carnes brancas também.  Já no caso de vinhos mais complexos, com uma acidez mais evidente, a harmonização ideal passa pela comida asiática, desde o sushi e sashimi, à cozinha tailandesa, ou ainda aos sabores mais exóticos e complexos do caril indiano. Esta versatilidade pode ainda combinar com variados estilos de cozinha, nos mais variados locais: à beira da piscina, num piquenique ou num jantar mais formal.

 Os métodos mais utilizados para fazer rosé são por prensagem ou por sangria. No primeiro caso, as uvas tintas são desengaçadas e esmagadas, e seguidamente prensadas. Para evitar a oxidação, a prensagem deve ser suave e rápida. Neste caso, o mosto ganha alguma cor e começa a fermentar. Este é o método idêntico ao vinho que se faz com uvas brancas. O resultado é um vinho leve, fresco e de cor levemente rosada. Já no método da sangria, as uvas sofrem uma maceração pelicular a frio, deixando-se o mosto em contacto com as películas por um período de 6 a 48 horas, dependendo da intensidade de cor desejada pelo produtor. Depois as películas são separadas do líquido e a fermentação continua, dando origem ao rosé. Os vinhos produzidos com este método costumam ser rosés mais escuros, mais concentrados e mais alcoólicos.