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Valados de Melgaço, vinhos de família

Os vinhos produzidos na Quinta de Golães, na sub-região de Monção e Melgaço, fazem parte de um projecto familiar na região dos Vinhos Verdes que quer elevar a casta Alvarinho ao seu expoente máximo.

Depois de tirar Engenharia Industrial de Produção e de Sistemas, na Universidade do Minho, e da sua vida tomar outros rumos, nada diria que um dia Artur Meleiro voltasse a pensar em agricultura. Mas o bichinho do vinho e da vinha regressou em grande força, acordando-o para memórias de infância e uma nova realidade.  

O produtor nasceu na Quinta de Goulães e, desde miúdo, habituou-se a acompanhar o pai e o avô nas lides vitivinícolas. A propriedade assente numa área de vinhas de quatro hectares de forma dispersa, em várias parcelas localizadas em Melgaço (incluindo vinhas com mais de 50 anos), pertence à sua família há já várias gerações, sendo que no passado vendiam-se as uvas a produtores locais e também se vinificava uma parte para consumo caseiro. No entanto, ao aperceber-se do potencial das uvas, Artur decidiu criar a marca Valados de Melgaço para engarrafar, desde 2013, ano da primeira colheita. O caso começou a tornar-se mais sério com a constituição de uma empresa dois anos depois, estando hoje o projecto a ocupar grande parte do seu tempo. Actualmente, não só vinifica com uvas da quinta, como agora é ele quem compra a produtores que lhe garantam uvas de excelência para os seus vinhos.

Actualmente, a empresa de Artur Meleiro joga no mercado com duas marcas próprias, Valados de Melgaço e Quinta de Golães. A Valados de Melgaço para vinhos 100% da casta Alvarinho, (provei o Valados de Melgaço Alvarinho Reserva e o Valados de Melgaço Espumante Alvarinho Extra Bruto) e a Quinta de Golães (que são os vinhos desde sempre produzidos na quinta, o Quinta de Golães Branco das castas Alvarinho, Trajadura e Loureiro; e o Quinta de Golães tinto, com uma acidez e frescura equilibradas, produzido a partir de castas regionais). Todos os brancos, uns com mais ou menos estrutura, revelam boa frescura e mineralidade, embora durante a prova me tenha sobressaído no paladar o Valado de Melgaço Alvarinho Reserva, um vinho com coluna vertebral, muito bem estruturado, fresco e elegante, e o espumante Valados de Melgaço Bruto Natural, de bolha fina, seco, mineral e com boa acidez que, pelo que percebi, é o produto mais recente.

Estando numa região privilegiada para a produção de vinhos frescos e de teor alcoólico moderado, Artur Meleiro promete retirar o maior potencial das suas castas através de técnicas mais ancestrais de vinificação, em cubas de madeira portuguesa, de carvalho ou de nogueira, sem sulfuroso para acelerar a fermentação. Vinhos produzidos o mais natural possível que surpreendam pela sua qualidade.

A empresa exporta apenas 5% para a França, Suíça e Reino unidos, principalmente, mas a ideia é chegar rapidamente aos 60% alargando o mercado para os Estados unidos, Japão e Alemanha, entre outros. No mercado interno, a Valados de Melgaço está presente no canal HORECA , além de ser vendido a clientes particulares.