Vindimas: que tipo de colheita adoptar?
Manual ou mecânica, qual delas a mais vantajosa? Esta é uma das perguntas com que inúmeros produtores espalhados pelos quatro cantos do mundo se deparam, divididos entre as vantagens e desvantagens de cada uma destas técnicas.
A vindima é um dos momentos mais emocionantes para quem vai fazer nascer um vinho. É o momento certo para a colheita das uvas maduras, um trabalho envolto em arte, sabedoria e sacrifício que varia conforme as características de cada região. No entanto, há sempre que decidir qual o sistema a utilizar: manual ou mecânico? Ambos têm vantagens e desvantagens.
A colheita mecânica surgiu durante a década de 60, nos Estados Unidos, sendo que nos anos seguintes um terço das uvas destinadas à produção de vinho naquele país passou a ser colhida dessa forma. Com o passar dos anos e a consequente evolução tecnológica, outros países adoptaram o mesmo sistema, muito em parte devido ao elevado custo de mão-de-obra.
A mecanização permite uma eficiente colheita, especialmente quando as uvas
precisam de ser rapidamente colhidas. Trata-se de um método mais económico,
principalmente para grandes áreas de vinha, sendo apenas necessários para
laborar um ou dois operadores. No entanto, existem algumas desvantagens a
assinalar, das quais faz parte o aumento de esmagamento dos frutos, causando
perda de sumo, e fazendo aumentar drasticamente uma potencial oxidação e
problemas de fermentação. Existe, também, o perigo de misturar uvas com diferentes
estados de maturação, uvas boas com outras que estejam doentes ou mesmo o
perigo de caírem folhas no líquido extraído. A não ser que sejam regularmente
limpas, as máquinas utilizadas na colheita podem tornar-se pouco higiénicas,
apresentando maiores riscos de contaminação.
Quando a tradição perdura
Se por um lado a mecanização conquistou muitos adeptos, por outro, há quem insista em fazer prevalecer os velhos métodos. A colheita à mão é a mais tradicional e, como se sabe, existem alguns casos em que as uvas não podem mesmo ser colhidas de outra maneira como, por exemplo, no caso de vinhas velhas.
Para que esta actividade decorra o melhor possível, devem-se utilizar ferramentas apropriadas de forma a que as uvas sofram os menores danos possíveis. O corte dos cachos deve realizar-se com tesouras de podar leves. As uvas são seguidamente colocadas em cestos de vime ou pequenas caixas de plástico que comportem pouca quantidade de uvas, para que o peso da sobreposição não as deteriore.
Dos
aspectos positivos relativos à colheita manual salienta-se um menor sofrimento
das uvas no momento da colheita, na medida em que o manuseamento das uvas é
mais suave, perdendo-se menos sumo. A selecção dos cachos é efectuada de forma
mais cuidada, prevalecendo os que se encontram em melhores condições. Existe,
também, um menor perigo de contaminação por falta de higiene.
Relativamente aos aspectos negativos, evidencia-se o facto de requerer uma equipa de trabalho numerosa, difícil de encontrar em áreas isoladas. Falta, por outro lado, alguma flexibilidade e a rapidez na colheita. E, por último, é um trabalho dispendioso, não aconselhado a grandes produtores, na medida em que se tem de ter em conta capital e custos de funcionamento.
Revistas as vantagens e desvantagens de cada uma destas técnicas, resta aos produtores adaptarem o melhor método de vindima às suas possibilidades e características das suas vinhas.