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Vinho é para partilhar

O JNcQuoi, em Lisboa, lançou em Fevereiro do ano passado um conceito vínico que passa por abrir uma grande garrafa de vinho todas as sextas feiras para servir aos seus clientes. A iniciativa tem sido um sucesso. 

O ano passado, o CEO do restaurante JNcQuoi lançou a ideia: todas as sextas feiras abrir uma grande garrafa de vinho para servir aos seus clientes, podendo o tamanho variar entre os 6, 12 ou 18 litros. A originalidade está no facto de ser pouco comum abrir este tipo de garrafas, raras de se encontrar em restaurantes, muito menos a copo.  

As garrafas de vinho feitas em vidro só começaram a ser produzidas após a descoberta da técnica do sopro. Descoberta na Síria no século 1 a.C, esta técnica permitiu o fabrico de vidros ocos como copos, potes e garrafas.  As mais tradicionais e comuns garrafas a nível mundial são as de 0,75 cl, mas existem outras com tamanhos diferenciados que podem ir até aos  30 litros. A vantagem de ser grande é que os vinhos armazenados em garrafas maiores envelhecem mais lentamente, já que o ar presente no interior da garrafa é proporcionalmente menor em relação ao volume do vinho.

No JNcQuoi, todas as sextas feiras, abrem-se garrafas de diferentes tamanhos, dependendo do produtor servido nessa semana, que pode ser português ou estrangeiro. As de 6 litros (denominadas Imperiale ou Methuselah) e as de 12 litros (Balthazar) são as  mais comuns, mas também já se abriram garrafas de 18 litros (Melchior). «Já abrimos, por exemplo, garrafas de Sassicaia da Tenuta de San Guido (Toscana), ou de Château Margaux (Bordéus), ambas de 6 litros. Ou uma garrafa de 18 litros de Quinta do Monte d’Oiro Reserva. Depende muito das garrafas que os produtores têm, mas algo em comum entre todos é que o vinho tem de ser de grande qualidade» diz Miguel Ribeiro, pertencente à equipa de sommeliers do restaurante, composta ainda por Francisco Oliveira, Diogo Yebra e Matilde Martins.

Os sommeliers Miguel Ribeiro e Matilde Martins com garrafas que já foram servidas durante a iniciativa no restaurante JNcQuoi, assinadas pelos clientes


A ideia é sempre, segundo o sommelier, «surpreender o cliente, e permitir a muitos deles que provem um vinho especial a copo, sem o obrigar a ter de comprar uma garrafa de 0,75cl que geralmente é muito cara».  No entanto, também há o reverso da medalha: «Há pessoas que ficam tão entusiasmadas, que querem comprar a garrafa só para elas, apesar de ser cara. Mas não queremos fazer isso, pois isso seria desvirtuar o conceito de partilha». Segundo ainda nos informa Miguel Ribeiro, um dos vinhos portugueses com mais sucesso foi o Quinta do Crasto Vinhas Velhas: «O máximo que conseguimos vender numa sexta feira foram 3 garrafas de 12 litros cada!», remata o sommelier. Pioneiro neste conceito em Portugal, o JNcQuoi promete continuar a iniciativa, para que cada vez mais clientes possam usufruir de vinhos de referência a copo.   

Situado no edifício do teatro Tivoli, em plena Avenida da Liberdade, e pertencente ao Grupo Amorim Luxury, o JNcQuoi é um espaço muito completo, com o restaurante no primeiro andar, e no piso inferior um deli bar (com uma carta mais descontraída do que a do restaurante), uma garrafeira, um espaço gourmet e uma livraria.  A arquitectura e decoração do restaurante esteve a cargo do arquiteto catalão Lázaro Rosa-Violán, que manteve os frescos já existentes nas paredes mas acrescentou mobiliário, objectos e pormenores que fazem a diferença, como a réplica à escala real de um dinossauro velociraptor, que já se tornou o ícone do espaço.

A decoração do restaurante esteve a cargo do arquiteto catalão Lázaro Rosa-Violán


A carta é assinada pelo chefe português António Bóia, e privilegia os pratos clássicos portugueses e internacionais sofisticados, mas sempre com produtos de época e muitos deles biológicos. A carta de vinhos é muito completa, com mais de 500 referências, focada em boas marcas nacionais, mas também estrangeiras.