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Vinhos Artísticos

António Zambujo é um dos nomes incontornáveis da música portuguesa e agora promete também surpreender na área dos vinhos. Juntou-se a mais dois amigos de longa data, o enólogo Luís Leão; e o empresário João Pedro Baião, para lançar três referências e inaugurar a Adega da Zabele, um espaço de concertos intimistas, na Vidigueira, que junta o vinho, a música e outras artes.   

Complementar a prova de vinho com outras actividades artísticas já não é novidade. A qualidade do vinho evoluiu de tal forma que agora é o mote para outras expressões e vivências. No entanto, esta junção promovida de forma contínua é novidade, neste caso, num espaço criado para o efeito e com pessoas que sabem da ‘poda’.

A ideia nasceu durante um almoço prolongado entre três amigos de longa data, de diferentes áreas, mas todos apaixonados por vinho. Um deles é o músico António Zambujo, bem conhecido de todos os portugueses; o outro é o enólogo Luís Leão, reconhecido pelo seu trabalho enológico de qualidade na região do Alentejo; e o empresário do ramo imobiliário, João Pedro Baião, que descobriu uma antiga adega - datada de 1879 - no coração de Vila de Frades, na Vidigueira, para remodelar e dar a conhecer os vinhos de Zambujo  através de diversas experiências artísticas. «Abrimos as portas em meados de Setembro de 2023 e, desde então, estamos sempre cheios, mesmo sem fazer grande divulgação. Não queremos massificar, queremos, acima de tudo, manter a qualidade destas experiências. O espaço é muito mais do que um local para servir os nossos vinhos. A música é também frequente, e irá coexistir com outras expressões de arte, como por exemplo, exposições de pintura, de fotografia, entre outras», revela João Pedro Baião, reforçando ainda que os eventos são exclusivos e marcados antecipadamente, sendo os pilares do projecto a «qualidade, diferenciação e exclusividade». Assim, António Zambujo já lá esteve, mas também por lá já passaram Pedro Abrunhosa, Ricardo Nogueira (dos Quatro e Meia) entre outros músicos e artistas que ali podem actuar ou expor os seus trabalhos.

Quanto às referências lançadas, segundo nos explica Luís Leão, «os vinhos foram vinificados e adquiridos em adegas vizinhas, e os lotes pensados em conjunto», sendo que  o espaço da Adega da Zabele (nome correspondente a ZA de ZAmbujo; B de Baião, E (Conjunção aditiva) e LE de LEão) serve apenas como palco dos eventos, incluindo as refeições sob reserva.

Da esq para a dirt: Luís Leão, João Pedro Baião e António Zambujo
O espaço da adega serve apenas como palco dos eventos, incluindo as refeições sob reserva.



O espaço da Adega da Zabele (nome correspondente a ZA de ZAmbujo; B de Baião, E (Conjunção aditiva) e LE de LEão) serve apenas como palco dos eventos, incluindo as refeições sob reserva. Ainda na questão dos vinhos, e aproveitando a fama do cantor, as marcas contam a sua história discográfica. «Estes vinhos agora lançados correspondem aos terceiro, quarto e quinto álbuns  - intitulados ‘Guia’, ‘Outro Sentido’ e ‘Quinto’ - porque foram trabalhos marcantes e têm a ver com a minha evolução artística», explica Zambujo.

Assim, o vinho ‘Guia’, elaborado com as castas tradicionais alentejanas Trincadeira e Aragonês, tem a ver com o Alentejo, região de origem do músico e cantor. Estagiado 18 meses em barricas de carvalho francês, revela um aroma complexo de fruta preta, notas vegetais e especiaria, e um paladar estruturado, revelando um estilo mais rústico em relação às restantes referências, todas elas tintas. Já o ‘Outro Sentido’, elaborado com Petit Verdot, e igualmente estagiado em barricas carvalho francês, tem a ver simbolicamente com a evolução de Zambujo para «um estilo musical mais internacional». Um tinto mais suave, com aroma de frutos vermelhos, sabor elegante e fresco, e madeira em perfeita harmonia. Por último, o vinho ‘Quinto’, com o mesmo tipo de estágio dos anteriores, foi elaborado com Aragonês e Syrah. «Este vinho representa o momento em que começo a ter outras influências, outras formas de cantar, outros sons, mais improvisos…», explica ainda Zambujo. Um vinho complexo no aroma e no paladar, de onde sobressaem notas de fruta preta compotada, a frescura da menta e a profundidade do chocolate preto, completados por um paladar marcante, acidez e madeira muito bem equilibrados.

Cada um destes vinhos encheram 1000 garrafas, que serão vendidas num pack de três, a um PVP que rondará os 310€. «Temos catorze marcas já registadas, e dez delas são o nome dos dez álbuns do António, mas a ideia é crescer também noutras direcções», afirma João Pedro Baião.



Relativamente aos vinhos dos dois primeiros álbuns, ‘O mesmo fado’ e o ‘Por meu cante’, pelo facto de serem trabalhos intimamente ligados às raízes musicais do António Zambujo - o fado e o cante – e por isso muito marcantes «serão lançados também em breve mas em garrafas Magnum. Serão 600 unidades de cada uma delas, a lançar em momentos diferentes, levando ao consumidor vinhos distintos e com personalidades irrepetíveis», revela ainda João Pedro Baião, adiantando também que a Adega Zabele conta ainda lançar, em Março do próximo ano,  «um novo pack de três garrafas correspondentes aos álbuns que se seguiram, o ‘Rua da Emenda’, ‘Até pensei que fosse minha’ e ‘Do avesso’, em igual quantidade (1000 unidades vendidas em packs de três vinhos).

Apesar do destaque dado aos vinhos de Zambujo, para enriquecer a experiência a Adega da Zabele fez ainda parcerias com conhecidas adegas da região, tendo ainda à venda nas  suas prateleiras vinhos da Herdade do Rocim, da Herdade Grande, da Quinta do Paral e da Adega Vidigueira, da Ribafreixo, entre outras referência, e alguns produtos gastronómicos dos quais se destacam os petiscos em conserva do chefe José Julio Vintém. Imperdível para quem gosta de experiências criativas e irrepetíveis, regadas a bom vinho.   

Fotos: Ricardo Zambujo