Vinhos de longevidade
A Costa Boal lançou o vinho branco Homenagem de 2015 e dois varietais das castas Sousão e Tinto Cão, ambos de 2017. Estruturados, frescos e detentores de grande capacidade de envelhecimento.
António Costa Boal é o herdeiro de uma família de pequenos produtores durienses desde 1857. Criada em 2009, a sua empresa - Costa Boal - lançou os primeiros vinhos em 2011, na região de Trás-os-Montes, iniciando, a par, investimentos no Douro, a sua terra natal, nomeadamente na recuperação da adega centenária da família, localizada na aldeia de Cabêda, Alijó. Estes vinhos agora lançados são do Douro e marcam a diferença pela sua qualidade e potencial de envelhecimento. Paulo Nunes, enólogo desde o início do projecto, é dos defensores da produção de vinhos de grande qualidade, de grande longevidade e com grande potencial de envelhecimento, um perfil bem diferente do percurso inicial dos vinhos DOC Douro, com excesso de álcool, fruta concentrada e muito madura, sem a acidez necessária ao envelhecimento do vinho. Nesta lógica, o Costa Boal Homenagem 2015 é um branco que vai numa «nova linha do Douro», que implica «explorar micro parcelas das vinhas em zonas mais altas do Douro, que possam assegurar o equilíbrio entre maturação e acidez das uvas sem necessidade de grande intervenção na adega, como é filosofia dos vinhos Costa Boal», explica o enólogo.
Produzido a partir de uvas colhidas numa vinha localizada em Cabêda, Alijó, é um vinho de lote com as castas Códega de Larinho, Rabigato, Gouveio e Arinto. Teve estágio de 18 meses em barrica de carvalho francês e foi refrescado com um lote da colheita de 2017, da mesma parcela, permitindo acrescentar vivacidade ao vinho e dar-lhe um perfil muito fresco e elegante que garante a sua longevidade. O vinho ronda nas garrafeiras o PVP 65€.
O novo reserva branco da Costa Boal junta-se assim ao tinto Homenagem 2011, um vinho igualmente com capacidade de guarda, lançado em outubro de 2019. Estes dois rótulos topo de gama do produtor são também um tributo ao pai de António, Augusto Boal, viticultor toda a vida no Douro.
Varietais de garra
Já os novos monocasta Costa Boal, das castas Sousão e Tinto Cão - têm como matriz comum uma grande frescura, estando aacidez muito bem marcada. Casta muito antiga do Douro, usada historicamente para equilibrar lotes que tinham falta de acidez, a Tinto Cão foi colhida numa vinha situada em Vilar de Maçada, Douro, e proporciona «uma maturação fenólica excecional», valoriza Paulo Nunes, rematando «Deu-me muito gozo acompanhar a vindima desta casta. Não necessitamos de chegar aos 13 graus de teor alcoólico para termos a riqueza de taninos, que vai permitir ao vinho envelhecer nobremente». Com estágio em barricas de carvalho francês durante 16 meses, o Costa Boal Tinto Cão 2017 apresenta um paladar elegante e fresco, revelando grande equilíbrio no conjunto.
Igualmente marcante em termos de acidez, o Costa Boal Sousão 2017 revela excelente estrutura e volume de boca, proporcionando, pelo conjunto das suas qualidades, um vinho de longa guarda. A casta típica do Minho foi conquistando espaço no Douro e integra as vinhas da Costa Boal naquela região vinhateira. Vinho com cor intensa e opaca, comum na casta, o Costa Boal Sousão fez a fermentação alcoólica em lagar durante 8 a 10 dias com trabalho contínuo e temperatura controlada. Estagiou em barrica de carvalho francês durante 16 meses. Apresenta taninos vivos e elegantes e acidez elevada. Ambos os vinhos têm o PVP a rondar os 35€.
Fotografias: Ricardo Palma Veiga