Viva a Gastronomia Portuguesa!
São 15 anos a premiar chefes em território Nacional. Este ano, o Mesa Marcada premiou o Prado como o Melhor Restaurante e João Rodrigues voltou a ser o Melhor chefe de Cozinha.
Parece que foi ontem a primeira edição do Mesa Marcada, se bem me recordo, no bar Vestígius, em Lisboa, com meia dúzia de chefes premiados. Nessa altura - já a revolução gastronómica em Portugal avançava a velocidade de cruzeiro - nunca se imaginou que o turismo e o aumento de conhecimento do consumidor (e a sua exigência) viesse possibilitar a abertura de ainda mais restaurantes surpreendentes e o surgimento de chefes de enorme qualidade. Hoje, passados 15 anos, o Mesa Marcada não tem mãos a medir e já premeia 19 categorias, tendo organizado a edição deste ano no Centro de Congressos do Estoril perante uma plateia de mais de 450 convidados. É obra.
O Prado (Lisboa), liderado por António Galapito, finalmente chegou ao topo do Top 10 depois de esperar dois anos para lá chegar (ficou em segundo lugar em 2020 e 2021) e João Rodrigues, regressou ao primeiro lugar, depois de já ter vencido seis vezes nesta categoria quando estava ao leme do restaurante Feitoria, e de ter feito uma viagem gastronómica pelo país, sem ‘casa’ certa. Agora no Canalha, um restaurante mais descontraído, também levou para casa o Prémio Mesa Diária, que premeia o melhor restaurante de preço acessível. Já os vencedores do ano passado nas duas categorias de ‘Os 10 Preferidos do Mesa Marcada’, o Ocean (Porches, Algarve) e Vasco Coelho Santos, do Euskalduna (Porto), conquistaram, respetivamente, o segundo lugar nos restaurantes e nos chefes. Ainda neste âmbito é de destacar a entrada no Top 10, para o 9º lugar, do restaurante Cozinha das Flores, de Nuno Mendes, que abriu o ano passado no centro do Porto e lhe valeu o Prémio para Novo Restaurante.
Na presente edição, o restaurante Vista, do Bela Vista Hotel (Portimão), de João Oliveira, venceu o Prémio Destaque do Ano, graças à subida de 12 lugares, que o fez alcançar o 8º lugar no ranking dos restaurantes, e ainda viu o seu responsável pela pastelaria, Fábio Quiraz, ganhar o Prémio Chefe de Pastelaria 2023, atribuído por um júri especializado, constituído maioritariamente por profissionais de pastelaria e também por um grupo de figuras do mundo da gastronomia – clientes, jornalistas e chefes de cozinha – com particular gosto pela pastelaria.
Entre chefes em destaque, o Prémio Revelação do Ano foi ainda atribuído a Gil Fernandes, da Fortaleza do Guincho.
Dos prémios especiais, evidenciaram-se ainda dois repetentes: a Comida Independente de Rita Santos, em Lisboa, que voltou a ganhar o Prémio Loja Gastronómica do Ano (pela terceira vez consecutiva), assim como o festival Chefs on Fire, da Lohad, de Gonçalo Castel-Branco, que conquistou o Prémio Evento Gastronómico do Ano, tal como em 2022.
Além das categorias mais evidentes, o Mesa Marcada também premioun outros profissionais do sector que se destacaram. Como novidades, foram pela primeira vez atribuídos o Prémio de Bar do Ano e o Prémio de Restaurante do Ano, em que os vencedores foram, respetivamente, os lisboetas Red Frog, de Paulo Gomes e Emanuel Minez, e o Rossio Gastrobar ( do Hotel Altis Avenida), que tem como bartender Flavi Andrade. De ressalvar que estes dois novos Prémios Especiais Mesa Marcada foram recebidos com grande entusiasmo pelo setor.
Outra distinção interessante foi dedicada aos profissionais de sala dos restaurantes, e o vencedor do Prémio Serviço de Sala do Ano coube ao The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, liderado por Pedro Marques, enquanto o Prémio Escanção de 2023 foi para Daniel Silva, que desempenha esta função no restaurante Essencial, em Lisboa.
Se há distinções para as novidades, também as há para os lugares de sempre. Assim, o Restaurante Clássico do Ano foi atribuído ao célebre Fialho, em Évora, hoje dirigido por Helena e Rui Fialho, filhos dos fundadores. Relativamente ao Prémio Empresário de Restauração Paula Amorim/Miguel Guedes de Sousa, da Amorim Luxury Group, responsáveis pelo universo JNcQUOI, em Lisboa (com extensão à Comporta), foram os grandes vencedores.
Alcançando um número recorde de restaurantes inscritos, o Prémio de Sustentabilidade colocou dificuldades acrescidas à consultora especializada na área, a Grab a Doughnut que, em parceria com a empresa de cerâmica de autor que dá nome ao prémio e o Mesa Marcada, analisa as candidaturas dos estabelecimentos que se encontram em ‘Ambiente Rural’ e em ‘Ambiente Urbano’. Depois de um processo complexo, que incluiu visitas aos locais mais bem cotados, coube ao restaurante Vale Abraão do Hotel Six Senses DouroValley (Samodães, Lamego) o prémio entre os rurais, e ao restaurante Em Carne Viva, do Porto, o prémio entre os urbanos.
Finalmente, os dois únicos prémios que já tinham sido previamente anunciados. O primeiro tratou-se do Prémio Carreira, que este ano distinguiu Rui Paula (dos restaurantes Casa de Chá da Boa Nova, DOP e DOC), que está a comemorar 30 anos de carreira. A escolha foi feita pelos seus pares, num painel de 30 chefes de cozinha, que em seu nome ou do restaurante, integraram o Top 10 ou venceram um dos prémios especiais do Mesa Marcada dos últimos cinco anos.
Já o Prémio Produtor / Fornecedor do Ano, foi atribuído à Herdade do Freixo do Meio, na zona de Montemor-o-Novo, liderada por Alfredo Cunhal Sendim, um dos principais produtores bio de Portugal e um defensor acérrimo da agroecologia e do montado alentejano.
Assim terminou mais uma edição dos prémios Mesa Marcada, evento organizado por Miguel Pires e Duarte Calvão, que há 15 anos elege o ranking dos melhores restaurantes e chefes a trabalhar em Portugal.